Angústia, radiação e morte
Estar
tão triste que morrer é considerado um prêmio. Não uma morte tranquila, suave,
dormindo ou flutuando rumo a um paraíso qualquer.
Morrer violentamente, com uma fúria
chocante que marque uma época e assombre criancinhas pelo resto de suas vidas.
Não simplesmente desaparecer, mas deixar manchas de sangue impossíveis de
arrancar dos paralelepípedos, que se torne um marco tétrico aos que pelo local
transitem, arrepiados e apavorados, contribuindo para os seus pesadelos mais
realistas, que os faça acordar encharcados em suor gelado, gritando
estridentemente e acordando toda a vizinhança, que, trêmulos, também não
voltarão a dormir.
Uma morte sem despedida, para
continuar arrastando correntes através dos corredores, queimando vivo em algum
paraíso fiscal, pensando em qualquer pequena coisa ruim e tenebrosa.
Nada
existe pior do que a tristeza em vida, derrota líquida, perda sólida e maldade
de sobremesa. Angústia e ódio, poemas escritos no corpo com um prego
enferrujado, tendo o sangue escuro por tinta; horror e destruição são papéis de
parede em um cérebro desordenado, sem equilíbrio, entontecido, nublado.
A sete palmos num campo coberto por
radiação, local tão morto quanto os mortos que nele residirão eternamente,
dissolvidos em sua insignificância e permanecendo repulsivamente assustando aos
vivos. E uns aos outros.
Marcelo Gomes Melo
Mas tudo isso pode acabar. Tantos já estão desfrutando da plena alegria nos braços do Pai. Não é tão difícil, se fosse tantos não teriam desaparecido e conseguido voltar para o seu lar eterno, onde não há dor, tristeza e muito menos a morte.
ResponderExcluirSem apelos, nem humilhações em público, nada disso. Aí é a criatura com o Pai. E esse Happy End pode acontecer ainda hoje!
Nada a comentar. rsrs
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