Ele era um homem de
rimas pobres. Desses com talento inigualável para apregoar o óbvio com tanta
voracidade que, ao interlocutor desavisado pareceria estar diante do criador
das frases mais hipócritas e desbotadas, o pai dos ditados mais cafonas e
politicamente corretos, o dono das expressões mais tolas e descaradamente
falsas do universo.
E não era por maldade que ele era assim. Repetia uma frase
dita por alguém no mesmo momento como se fosse ideia sua! O fazia por pura
incapacidade intelectual mesmo. Era um cara rasteiro, sem condições de formar
opinião própria; se deixava levar pela multidão, querendo estar com a maioria
sempre.
O cordão dos “Maria-vai-com-as-outras”,
queiram ou não, são os que decidem as grandes situações, porque seguem ao líder
mais astuto, à propaganda mais elaborada, por mais fanfarronice que contenha, e
habitam constantemente uma bolha de hipocrisia que serve para empanar-lhes a visão
e manter o cabresto apertado. É a partir daí que soltam as bobagens mais sem
nexo e fazem os comentários mais bobos como se fossem sabedoria em estado
sólido.
É possível que, estando
sólidos, esses comentários caíssem sobre suas cabeças vazias e causasse um
estrago considerável.
Marcelo Gomes Melo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu feedback é uma honra!