Eu
poderia até lhe contar, mas então teria que...
As mulheres querem
sempre saber de tudo, e sempre querem saber a verdade. Será que não imaginam o
quão perigoso isso é?
Um homem pode guardar para si grande parte das maldades do
mundo sem pestanejar, sem falar por horas reclamando, praguejando e se
lamentando. Chorar à toa é deprimente, desconfortável e indigno para um homem.
Não se trata de machismo, de forma alguma! Nas cavernas em que habito isso não
existe. O problema é atitude e percepção diferente de mundo.
As
mulheres querem sempre estar entre os que sabem de tudo. Mesmo que não tenha nenhuma importância
e não vá afetar suas vidas, preferem estar por dentro. “Como assim seu amigo
bêbado e fumante está com o fígado e os pulmões avariados e você nem me
contou”? Eu sempre disse para você não se envolver com ele, que era má pessoa!
Como permitem que ele jogue futebol e baralho com vocês?!
É
ele quem está doente, não eu! Eu não fumo e só bebo socialmente, como é que o
homem pode ser má influência, você pergunta timidamente, temendo produzir uma
série de sermões e brigas desnecessárias.
O
melhor exemplo de tudo isso é o daquela mulher que namorou o cara por anos e
anos, ficaram noivos e ela sempre insistia em saber o que ele tinha que fazer
todas as quartas-feiras entre 21h00 e 24h00, chovesse ou nevasse, desde que se
conheceram. Ele, sério, sempre respondia que poderia até contar, mas então
teria que matá-la. A moça sorria amarelo, mas não se conformava. Como o noivo
podia sumir toda quarta por três horas sem contar a ela, ou pelo menos levá-la
como companhia? Afinal esse mundo era tão perigoso... Como se ela fosse uma
guarda costas eficiente. Mas não haviam nem se casado ainda; melhor garantir-se
primeiro antes de infernizar a vida do rapaz.
Só
que o casamento veio. E com ele todas as garantias financeiras, afetivas e
legais que cobriam o seu direito à cobrança sobre os atos do marido. Então
começou a aterrorizar logo na lua de mel, insistindo para que ele contasse o
que ia fazer todas as quartas sozinho e aonde ia. A resposta, gentil, mas fria
era a mesma: até podia contar, só que teria que matá-la.
Com
o passar dos tempos o sorriso amarelo de conformismo e aceitação foi se
tornando um rosnado ameaçador, mostrando unhas e dentes, acelerando a voz
esganiçada sem parar n os ouvidos do homem, cuja calma estava sendo minada e a
tolerância abalada.
Até
que, em uma quarta-feira, ao chegar do compromisso noturno foi abordado pela
esposa de forma mais insistente e desagradável, repetindo as mesmas cobranças e
perguntas, cada vez mais agressivas e difíceis de suportar. A madrugada já ia
alta quando a resistência estoica do marido ruiu. Sentando-se na cama,
curvou-se e com os lábios alcançou a orelha da esposa. Atenta, ela sorveu cada
palavra que ele contou em voz baixa e tranquila. Arregalou os olhos, abriu a
boca em forma de zero, demonstrou todas as características femininas de
satisfação por descobrir um segredo alheio. Fez expressões de reprovação,
balançou a cabeça positiva e negativamente a seu tempo, até que suspirou por
longos minutos, ciente de tudo, de cabo a rabo. Quase um orgasmo; não, melhor
do que um orgasmo! Logo viriam os questionamentos intermináveis, a pressão para
saber mais detalhes...
O
marido vestiu o roupão, impassível, e foi até a cozinha, deixando-a na cama,
pensativa, vitoriosa, degustando o segredo. Quando ele retornou ao quarto ela
já estava preparada para iniciar o terror pelos detalhes. Abriu a boca e olhou
para o marido em pé ao lado da cama. Deparou-se com o cano escuro de uma arma
de fogo apontada para ela. A voz sumiu de sua boca e o sangue de seu rosto. Só
teve tempo para lembrar o que ele sempre lhe dissera desde o tempo de namoro.
A
polícia a encontrou morta com dois tiros no peito e um na cabeça, execução
profissional. Assassinato limpo, rápido e frio. O marido havia sumido sem
deixar vestígios ou impressões digitais em lugar algum. Jamais o encontrariam.
No
inferno, o diabo já pensava em transferi-la para a solitária, pois não
aguentava mais tanta pergunta sobre o marido que a detonara!
Marcelo Gomes Melo
Marcelo, mas o que ele contou a ela?
ResponderExcluirVc poderia me contar?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Ah outra coisa, devo ser meio diferente, mentiras sinceras me interessam...
rs... Não sei o que ele contou a ela! E jamais vou querer saber, tendo em vista o preço que ela pagou, Silmes!
ExcluirMarcelo, mas o que ele contou a ela?
ResponderExcluirVc poderia me contar?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Ah outra coisa, devo ser meio diferente, mentiras sinceras me interessam...