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Subitamente importante

         Vou ter que sorrir. Agora, quando saio sozinho nesse paraíso, por entre as princesas, a foto na carteira me belisca quando eu olhos para os lados.

          Serão os meus olhos agora, os seus?!

          O friozinho instigante que percorre a espinha quando penso em mais tarde, esvazia-me a mente e enrijece os desejos! Ao morder os lábios, eu sei que há uma coisa que arde, quando ela vem sem alarde, com um caminhar tão inocente que causaria rubor a um padre.

          As ancas dominantes, meu mundo em calafrios. Seus quadris não são os meus. Serão meus?

          Será ela essa sombra, que sob o sol escaldante percebo à minha frente, deitada, penumbra torneada, mudando de acordo com meus passos apressados, viajando até a parede, se pondo atrás de mim, beijando-me a nuca, de leve, como uma brisa que promete um tornado?




          Por que reflete o que sou, terminando minhas frases, recitando com os lábios, sem som, as poesias que invento, sorrindo porque viu uma coisa pela qual eu riria?

          Ainda sinto o sabor da fruta que ela mordeu me olhando de longe. Sempre saio atiçado se ela beija o meu queixo, e me mantenho irritado quando provoca joguinhos, “deixa, não deixo”.

          No final das contas, me dou conta, hipnotizado, com um sorriso safado, encarando essa tela. E o que eu achei complicado é só um fim esperado. Caramba, ela sou eu e eu sou dela!
 

                   Marcelo Gomes Melo

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