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Metrossexuais nacionais II: Tiozão rico



 

          A crise de meia idade do tiozão rico acontece em níveis mais elevados, embora ridículos da mesma forma que os níveis do tiozinho paupérrimo. Classe alta começa comprando um carrão importado, geralmente vermelho, faróis xênon, teto solar, GPS com voz feminina com sotaque inglês, bancos de couro e, no porta luvas, inúmeras caixinhas contendo bijuterias compradas no atacado em lojas da 25 de março, prêmio para as garotinhas deslumbradas quem conseguirem atrair ao carro-hotel do amor.

          O tiozão rico vai ao cabeleireiro ajustar as pontas dos escassos fios de cabelo em um penteado que disfarce a calvície; pinta os cabelos de acaju, faz as sobrancelhas e as unhas, retoca as rugas em torno dos olhos e da boca e na testa com botox, ficando com aquele sorriso permanente do coringa, adversário do Batman. Em seguida compra suas roupas importadas, certificando-se de que as marcas fiquem visíveis; a camisa polo cor de rosa justinha ao corpo com um brasão no peito e uma bermuda xadrez com meias brancas e sapatos sociais completa o visual, com um boné estilo Neymar, aba virada para trás. Chicletes importados, uma pochete em torno da cintura contendo pente, enxaguante bucal e camisinhas são obrigatórios.

 

          Ele dirige aos domingos a tarde com o cotovelo esquerdo para fora da janela do carro para mostrar a tatuagem de um gavião colorido com uma inscrição abaixo:”Eu sou o homem do amor!”. Costuma frequentar as boates da moda, pedindo o uísque mais caro e tenta impressionar as meninas da faculdade recitando seu currículo e posses como forma de sedução. Apregoa com aquele falso sorriso fixo que tem o melhor, mais bonito e mais caro automóvel, garante que pode proporcionar os prazeres jamais sentidos, as viagens mais sensacionais e a vida de celebridade de televisão, fazendo com que cifrões brilhem nos olhos das moças.
          Hipnotiza suas vítimas através do contracheque. Suas presas são consideradas pela beleza e pela idade, então, passando dos 23 anos é anciã. As considera como troféus e as compra com facilidade, então consegue, diferente do tiozinho pobre, dobrar a diferença de idade, que vai para 40 anos ou mais.
          O tiozão rico não tem senso do ridículo, mas pode, porque o dinheiro compra qualquer coisa, até esse direito. Não tem sentimentos, mas acaba casando com elas, que em três meses se separam e garantem a sorte grande recebendo por mês uma pensão que jamais receberiam em cem anos de trabalho duro.
          Por causa do excesso de dinheiro são capazes de esgotar as experiências possíveis para qualquer ser humano e terminam buscando coisas que vão além do imaginável, para se divertir. Intitulam a si mesmos reis de camarotes e se julgam acima do bem e do mal.
          A diferença entre o tiozinho pobre e o tiozão rico é que o último consegue transformar o ridículo em moda.

 

                                      Marcelo Gomes Melo


5 comentários:

  1. Eu tinha deixado aqui um comentário, mas devo ter feito algo errado, pois ele não aparece, vamos a ver se melhora. :)

    Quanto ao texto, esse retrato, o do Tiozão rico, é um excelente espelho de muitos tios por aí e o triste é que nem sequer é exagerado!

    Li, na coluna da direita, que vai haver uma produção de lendas urbanas, como funciona?

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  2. Oh, trata-se de um projeto educacional, Luísa. Um concurso no qual os alunos produzem lendas urbanas originais e seus textos são julgados por uma junta de professores. Os textos selecionados irão para o evento final, no qual interpretarão suas obras e serão premiados.
    Aqui no blog, não haverá premiação, mas é livre a participação de qualquer escritor, que terá o seu texto postado com os devidos créditos.

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    Respostas
    1. Ah, ok, pensei que fosse uma iniciativa para blogueiros. Mas olhe que é uma ideia muito interessante para adolescentes e jovens. Bom trabalho! :)

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  3. Mas nada impede que se transforme em uma iniciativa para blogueiros, Luisa. Quem sabe adequando as produções às situações rotineiras do dia a dia... Seria divertido e agregador, não acha?

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  4. Sem dúvida que sim, Marcelo!
    Aliás eu perguntei porque já vi por aí iniciativas do mesmo género (mesmo que o tema não seja o sugerido no seu trabalho com os alunos). Pense nisso dá uma certa dinâmica ao espaço e no dihitt ha sempre pessoal que alinha!


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