Cobaias humanas do dia-a-dia
Não é novidade o
descaso com que são tratados os pacientes sem condições financeiras para
frequentar os hospitais e clínicas particulares, das celebridades, o mercado de
cura em alto nível com medicina especializada e doutores astros da televisão e
reality shows, e dependem da rede governamental de saúde.
O que vemos, portanto, para a alegria suprema dos programas
mundo cão da tevê que se esbaldam em faturar alto mostrando a desgraça alheia
ao vivo e em cores, com doentes habitando macas nos corredores dos hospitais,
semimortos aguardando atendimento dias a fio com esperança de que algum médico
apareça; médico esse extremamente mal pago e maltratado, mas que supera as
dificuldades para cumprir, apressado e quase indiferente o seu horário
destinado aos miseráveis.
Esse atendimento superficial não parece destinado a curar
as mazelas; apenas aliviar as dores momentâneas e tornar o horror da vida do
paciente um pouco mais leve, sem resolver o problema.
Partindo desse princípio, se aprofundarmos um pouco mais a
análise e mergulharmos no ambiente da vítima, quero dizer, do paciente que
consegue um quarto para ser internado e enfermeiras para ministrar o
tratamento, com médicos residentes para ler o prontuário com as prescrições
feitas pelo médico titular. Isso causa alguns pensamentos pertinentes: o modo como essas pessoas são tratadas visam a sua
melhora ou prioritariamente o treino dos residentes? Querem tratar e curar o
paciente ou testar métodos e remédios novos em cobaias humanas sem alternativa,
as quais, caso pereçam entrarão nas estatísticas geladas dos indigentes sem
nenhum tipo de importância?
O apoio religioso, a fé que aumenta instintivamente em
qualquer cético ateu nesses casos graves em que a pessoa se depara com a
própria fragilidade e ausência de opções será suficiente para sustentar ao
doente e ao desespero dos familiares ante a inutilidade de quaisquer atitudes
por eles tomadas ante a inutilidade e ineficiência do governo e seus programas
de apoio, cujos impostos se diluem desviados sem preocupações para contas em
paraísos fiscais?
O que é mais importante? Tratar e curar esses pacientes
pobres cuja outra opção é entregar-se a Deus, ou utilizá-los como cobaias para
aperfeiçoar novos médicos, que podem errar e sacrificar seres humanos sem
importância, sem nenhum problema de consciência, porque há muitos à beira da
morte todos os dias, o que talvez os desvalorize como pessoas e justifique o
atendimento mal dado.
Resta-nos afirmar sem medo de erro: o povo está num mato
sem cachorro!
Marcelo
Gomes Melo
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