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“Leis da ética e da honestidade para os outros”



          Mandamentos perenes da sociedade atual, o respeito e a ética são palavras extremamente divulgadas e utilizadas pelos meios de comunicação, num tom que sugere explicitamente que, tanto o respeito quanto a ética (pode incluir no pacote a honestidade) são virtudes incomparáveis, quando são mais do que isso: são obrigações e deveriam permanecer intrínsecas ao ser humano!

          A arte de ser “politicamente correto” é apenas um lembrete para que as pessoas usem de eufemismos para atenuar as verdades. É como se todos fossem seres sensíveis demais, frágeis a ponto de se ofender com uma piada ou um linguajar mais rude. E sentir-se ofendido hoje é sinônimo de faturamento extra; a ofensa só poderá ser aplacada através de uma polpuda quantia em dinheiro vivo.

          No entanto a propagada arte de ser politicamente correto, a ética e a honestidade servem apenas para “os outros”; a mãe que para o carro em fila dupla em frente ao colégio para deixar o filho, causando o caos em um trânsito já caótico por mil outras razões, nem percebe que é o pivô da balburdia, e é uma das primeiras a reclamar. Afinal “parei só por cinco minutos, não atrapalhou em nada!”.

          E o que dizer dos cidadãos atirando cascas de mexerica através da janela do carro, junto com latinhas de refrigerante, para depois culpar o mundo abertamente pelas enchentes que destroem bairros a cada simples garoa? O que me dizem dos médicos que adentram a sala na qual crianças com bronquite fazem inalação, fumando tranquilamente? E os que subornam garçons em festas em troca de receber o melhor suprimento de bebidas e salgadinhos?

          As leis da ética e da honestidade dificilmente são postas em prática pelas pessoas que mais reclamam. Os que atiram papéis, chiclete e bitucas de cigarro nos bueiros, os que falam ao celular ao mesmo tempo em que dirigem, os que driblam as leis achando que podem, porque sendo só eles, tudo bem, que mal tem?

          Como é que uma sociedade pode evoluir sem que cada um realize o que é correto, por mínimo que seja, ao invés de transferir responsabilidades?

          Basta saber que o politicamente correto nada mais é do que hipocrisia engarrafada, e há obrigações que precisam ser postas em prática diariamente; não são virtudes, são obrigações. Limpam a alma e propiciam ao povo uma evolução constante.
                                              
                                                    Marcelo Gomes Melo

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