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Estaria em curso o fim da língua portuguesa na modalidade culta, como a conhecemos?

 

          Hoje em dia está cada vez mais difícil entender o que as pessoas escrevem ou como escrevem. Os jovens apresentam dificuldades e desmotivação em entender a língua que falam; acham desnecessário usar papel e caneta. E para quê, se há no computador um acessório que corrige automaticamente os erros, sem que precisem se preocupar em ler e entender o que produziram.

          Aliás, produzir é modo de falar, porque podem tomar posse de trechos de textos já escritos e disponíveis na internet, providenciando um “Frankenstein” do qual não fazem qualquer ideia do real significado.

          Os programas de correção de texto dos computadores só alcançam o conhecimento e a eficiência de quem os programou, é preciso lembrar; então o texto pode não sair assim tão perfeito, porque palavras substituídas por uma máquina, baseando-se na pura adivinhação pode agilizar a feitura do mesmo, e pode incutir no jovem a sensação de que ler e escrever de acordo com a modalidade culta da língua é chato e desnecessário.

          Mesmo a linguagem informal, usada geralmente no dia a dia com base nos conhecimentos de mundo do falante, e que produz comunicação eficiente, caso tenha que ser transcrita para o papel, o será com falhas e perderá o sentido natural e central.

          Há uma nova língua em construção e evolução pela internet. Nesse instante ela se desenvolve e facilita a comunicação global, sem regras que as delimite, misturando letras e números, símbolos e imagens, e o mais importante: permitindo que pessoas de diversos lugares, com diferentes culturas e diferentes costumes troquem ideias, partilhem experiências e desenvolvam o desejo antigo de uma aldeia global, eficiente, mas sem planejamento; algo espontâneo, mas que foge ao controle dos profissionais da educação, que enfrentam tais dificuldades tecnológicas e experimentais as quais se confrontam com o ensino tradicional, sofrendo angústias intermináveis na busca por uma adequação que traga mais qualidade no desenvolvimento intelectual da juventude.

          Resta a dúvida mortal e existencial, principalmente para os que se tornaram seres humanos completos profissional e moralmente sob ao tutela do aprendizado tradicional: estaríamos presenciando, de alguma forma, o fim da língua portuguesa na modalidade culta como a conhecemos?

 

                    Marcelo Gomes Melo

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