“Futebol: a riqueza não combina com
o povo”
A seleção brasileira de futebol não
existe mais. Não a do povo. Não a romântica, formada por jogadores que vestiam
o uniforme pela honra, pelo amor e reconhecimento. Agora seleção é algo
privado, particular, e os donos têm por objetivo preencher os bolsos, as contas
bancárias e qualquer reentrância em que caibam notas de dinheiro, incluindo aí
peças de roupa íntima.
Esse fenômeno faz com que os astros,
jogadores, com muita justiça pensem apenas no som da antiga caixa registradora
ao serem requisitados para defendê-la, afinal são os principais atores do
evento e os que menos recebem. Cercados por sanguessugas de todos os tipos, que
se utilizam da ausência de discernimento de garotos mal formados intelectual e
moralmente, aprendem a decorar um discurso do qual não têm a menor noção: amor
à pátria quando vivem num limbo, entre países, desconhecendo a própria língua e
costumes e muito mais a língua e os costumes dos locais em que vivem e
trabalham; desapego financeiro: o que é paradoxal, já que todos faturam alto em
cima do trabalho deles, de parentes distantes a jornalistas esportivos
oportunistas, direta ou indiretamente.
O futebol cresceu além das
expectativas através dos anos, transformando-se de alegria do povo em alegria
dos políticos, e agora em alegria da mídia, que torce, contorce e distorce
situações, sempre em proveito próprio, porque o interessante é destacar as
notícias de forma a lucrar com elas; isso acaba manipulando informações numa
guerra de interesses sem fim.
E o torcedor? Não os “organizados”,
que são chamados assim porque faturam
bastante usando o nome do clube, licitamente ou não, mas o comum, que costuma
ir aos campos apenas por lazer com a família, sem correr o risco de ser
linchado por usar a camisa do time do coração; aquele que não vai ao aeroporto
bater no treinador e muito menos em jogador. Esse está em franco processo de
extinção. Não se encontra mais torcedores de verdade porque o futebol não é
mais um espetáculo para o povo. O futebol é um negócio extremamente lucrativo,
uma máquina de criar ricos! E riqueza não combina com o povo, não é mesmo?
Marcelo Gomes de
Melo
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