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Amor em tempos de corte no orçamento




          Nada de motel. Nada de jantares em restaurantes caros. Nem baratos. Nada de jantares à luz de velas, nem de lanternas. Nada de lanches no McDonalds. Nada de presentes de aniversário, de dia dos namorados ou lembrancinhas de qualquer tipo. Esqueça.
          Nada de viagens para perto, longe, de trem, ônibus, jegue ou a pé. Nem pense em bebidas chiques, comidas gourmet, sequer farinha de mandioca com mel de abelha.
          Viveremos de amor! Surfando nas nuvens da fome, nadando nos oceanos de prazer da inanição, sambando nas churrascarias veganas, sonhando com as feijoadas do tesão e macarronada do casório perfeito!
          A nossa vida em uma choupana que não abriga da chuva e não protege do frio, deitados sobre folhas de bananeira, bebendo água dessalinizada artesanalmente e comendo peixe sem tempero, banana verde e sopa de pé de pombo será abençoada por Deus e bonita por natureza, mas que beleza!
          O nosso amor de cada dia abominará a rotina, pois a cada dia nos reservará surpresas inesgotáveis. Catar latinhas, cobre e papelão trocando olhares hipnotizantes de paixão, dividir a fila do SUS com sorrisos ternos, de mãos sujas dadas, fedendo a porco molhado, sem saber o que é um banho há meses...
          Ausência de reclamações, lamentos, acusações ou atitudes mimadas explicitamente pela falta de forças e energia. O amor tão resistente quanto o vírus da gripe, capaz de atravessar barreiras e empalidecer a qualquer um.
          Os olhos mortiços e nublados emprestam um artifício novo que possibilita enxergar uma beleza que só pode ser exterior. Uma vida de abstinência às armações midiáticas que lhe fazem consumir desesperadamente, sendo enganados a um ponto de não sobreviver sem os vícios dos produtos novos, dos lançamentos tecnológicos e novidades politicamente corretas que ajudam a disseminar a hipocrisia universal.
          Quantos são os casais dispostos a um amor assim? Inviolável, irresistível, quase mortal? Quantos são os casais modestos o suficiente para abandonar os frutos dos amores artificiais e velozes de hoje em dia, que acontecem e acabam tão rápido quanto uma estrela cadente? Quantos viverão de amor e pelo amor? Há alguém? 
            Entendem agora o que querem dizer os poetas através dos tempos?




Marcelo Gomes Melo
 

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