Morte e vida na sequência das horas
Três
da madrugada espancando as paredes com a força do pensamento, tentando desviar
o pensamento das dores físicas de uma forma ainda mais violenta, que afaste os
ferimentos inexplicáveis que os remédios não conseguem curar.
Você caindo nua sobre mim, utilizando
a sua pele quente e macia para massagear o meu corpo cansado e dolorido agiria
como um bálsamo, a solução perfeita, talvez. No entanto, tornar esse remédio um
vício tiraria o prazer único do amor em si para transformá-lo apenas em cura
banal, insuficiente.
Três e meia da madrugada e caminhar
com dificuldade pelos corredores escuros, arrastando correntes, buscando água
para driblar o incômodo irritante das dores constantes de baixa intensidade revelam-se
inúteis.
Quem sabe deitar em seu colo e sentir
as suas mãos suaves e carinhosas nos meus cabelos, os seus lábios caridosos
roçando o meu rosto arranque os maus pensamentos que os machucados provocam.
Você novamente seria a solução para os meus sintomas tão superficialmente
definidos pelos médicos.
Ouvir a sua voz suave baixinho dizendo
coisas gostosas e simples até que eu adormeça feliz em seus braços com certeza
interromperão o suplício por algumas horas.
No
outro dia terei que voltar a ser forte e encarar com indiferença o mal que me
acomete com insistência, afinal ninguém está preparado para entender e aceitar
algo que jamais sofreram, e julgar baseado nas próprias experiências, ainda que
parcas, é especialidade do ser humano, hipócrita até dizer chega depois que o
resultado termina em morte.
A morte exime o cadáver de qualquer
julgamento torpe recebido em vida, inevitavelmente tornam-se santos perfeitos,
imagem ideal para os vivos que antes desconfiavam e acusavam sem remorso algum.
Quatro horas da manhã e os primeiros
carros começam invadir as ruas, a rotina diária está pronta para entrar em
ação. As dores, para quem as sofre, retomam o ponto de onde pararam dispostas a
torturar e incomodar.
Viver é algo complexo e digno;
superação é a palavra de ordem que muitos recusam a aprender e entender. No
final de tudo, qual é a motivação da existência? Estamos longe de descobrir!
Marcelo Gomes Melo
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