Matar para comer I: Odisseia para o
sexo
Ela
falou que ia dar. Prometeu que daria. Para mim! Disse tranquilamente com aquela
cara de quenga santa, olhando para as próprias unhas, admirando-as, ignorando o
meu aspecto nervoso, suado, quase choroso.
Ela disse sim como se fosse apenas um
acordo comercial, e eu quase tendo um infarto! E após o momento de expectativa,
o pulsar maravilhoso da alegria de quem era simples demais, desajustado, sem
qualificações especiais, mas que foi agraciado com um prêmio maior do que a
própria vida. Ela ia liberar! Para mim!
O que fazer em seguida? Apertar a mão
dela, agradecendo, e perguntar quando seria o dia majestoso no qual eu seria o
mais feliz degustador do mundo?
Eu ainda estava sorrindo abobado
quando ela, distraída, confirmou que me daria. Engoli em seco, agora já
acreditando que era verdade e não um sonho. Eu ia comer! Abocanhar, afofar a
jeripoca!
Nesse exato instante, inteligentemente
ela, percebendo que finalmente a dúvida que corroía o meu ser sem autoestima se
dissipara e agora a confiança me dominava, inseriu uma conjunção adversativa
estratégica; “mas” ...
O meu coração saltitou como um bumbo
aterrador! Isso significava que havia um senão; havia uma maldita condição!
Nada era de graça nessa vida!
Ela incutira em meu corpo pecador a
vontade letal de chafurdar na seda, e em seguida dominara a minha mente lasciva
com o mote de campanha do antigo presidente americano Obama, “Yes, we can!”
(sim, nós podemos). Agora eu estava com a faca e o queijo, babando na gravata,
doido para cravar os dentes na bigorna, para saciar o desejo maior da minha
existência!
O
“mas” me colocara em estado de atenção extrema. Para conseguir o prêmio eu
teria que realizar uma tarefa e essa tarefa adicionava uma provocação, criava
uma dúvida: seria eu capaz de fazer qualquer coisa apenas para transar? Mesmo
que fosse a provavelmente mais gostosa fêmea que um homem já teve sem pagar?!
Apesar de que, mesmo que não pagasse
em espécie eu teria que, de alguma forma fazer por merecer aquele corpo macio,
jovem, quente e promissor!
Não aguentando mais o suspense de uma
vida, indaguei: “mas o quê?”.
- Se me quiser mesmo, se o seu desejo
for real terá que satisfazer a minha chave para o prazer. Cometer um
assassinato. – Ela sussurrou sorrindo safada, totalmente descarada.
- Assassinato?! Matar para comer?!
Marcelo Gomes Melo
Segue...
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