Conjugação
da vida. Poço de falibilidades.
Eu
errei quando achei que as diferenças sociais de um povo não seriam pessoais, e
que as necessidades de melhoria, por serem gerais, causaria uma mobilização
conjunta, mesmo com visões opostas e acirramento natural dos ânimos. A
compreensão do que significa ser democrático triunfaria, apesar dos pesares.
Tu
erraste quando, ao defender o ponto de vista do teu lado, exageraste nas ações
difamatórias, violentas e reprováveis, quando o que estava em jogo era bem
maior, e as prioridades de um todo superam em muito as vaidades de uma parte.
Ele
errou quando aceitou os termos da disputa, transformando-a em guerra e agindo
como se o mundo fosse acabar caso a vitória não viesse; ou agindo como se fosse
eliminar da face da terra os vencidos, caso eleito vencedor.
Nós
erramos ao evitarmos debater as falhas do país na totalidade, em vez de
destacar a corrupção alheia de forma obsessiva, alijando os corruptores do
processo, sem nos darmos conta de que tudo é corrupção e atitude danosa, que
atinge a todos indiscriminadamente, então estamos cercados por corruptores e
corruptos em todos os níveis e de todos os lados, o que é perigoso e fatal.
Vós
errastes quando esquecestes de que a corrupção envenena e prejudica a qualquer
dos lados. Trocar acusações tentando varrer os próprios atos desonestos para
debaixo do tapete, como se inexistissem, em nada ajudará a limpeza de que tanto
o país precisa. Toda a excrescência precisa ser lavada para começarmos de novo,
valorizando coisas que deveriam ser intrínsecas ao ser humano, principalmente
àqueles que exercem atividades públicas: ética, honestidade, probidade,
transparência, respeito às ideias contrárias...
Eles
erraram quando se permitiram afastar do mar de lama e observar do alto de suas
torres de marfim, inatingíveis, sem querer se sujar nem se envolver, abdicando
de participar do processo de mudança pelo qual todos bradam em uníssono, há
tempos. Respingos da lama sobrarão aos que não se manifestaram, e todos no
mesmo barco remando metade para cada lado apenas rachará o navio em dois, e o
afogamento se tornará inevitável, sem sobrar ninguém para contar a história.
Essa
é a conjugação simples da vida no perfeito
do indicativo, porque no princípio era o verbo, garantindo as ações que
permitem uma comunicação perfeita, coesa, coerente, clara e eficiente.
Uma
comunicação perfeita, dentro das regras de convivência, diminui as chances da
instalação do caos, que permitiria o surgimento de ditadores malucos prontos
para devastar sociedades, destruir convicções e criar uma história obscura em
uma derrocada infinita.
Marcelo
Gomes Melo
Muito bom. É verdade, todos estamos errando já há algum tempo. Mas sempre há tempo para começar a mudar e a acertar. Abraços.
ResponderExcluirBárbaro, Marcelo.
ResponderExcluirParabéns pela postagem.
Abraços,
Andreia
Se todos tivessem a clareza de enxergar a conjunção assim como tu expôs, nós seriamos uma nação, um povo de valor.
ResponderExcluirParabéns pelo post, ótimo mesmo.