Solidão total. Pílulas de felicidade
meio-período
As
pessoas não se olham mais. Não se percebem. Sentam-se lado a lado, não se
cumprimentam, fechados em seus pensamentos, focadas em seus aparelhos
celulares, com seus olhares vazios.
Aos que desesperadamente ainda tentam
alguma conexão sobram olhares repreensivos, ou são ignorados solenemente,
inibidos ao ponto de se recolherem à própria insignificância.
Há um certo medo; as pessoas pensam
sempre no pior, a intolerância é manipulada de acordo com a necessidade do
freguês, chegando ao ponto de subverter a lógica e fazer com que qualquer
gentileza possa ser entendida como agressão de algum tipo. A sociedade desce a
ladeira a cem por hora sem condições de raciocinar, correndo em direção à ponta
da lâmina às cegas, comprando ideias toscas e vendendo sem constrangimento
bobagens que empobrecem a todos intelectualmente, diminuindo o valor das
exigências, o padrão de qualidade de vida perdendo o teor e tornando-se
rasteiro com intenção de reduzir a inteligência de uma população inteira.
O futuro nos reserva solidão total com
pílulas para produzir felicidade meio-período. O restante é medo e escuridão.
Marcelo Gomes Melo
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