Loira rata: safadeza hereditária
Loira
rata caminhando nas sombras, salto alto, vestido vermelho, rosto pintado
fortemente como uma máscara, rastejando em um beco, mantendo a bolsinha de
marca internacional protegida do lixo que a rodeava enquanto tateava em busca
da porta dos fundos do restaurante chique para entrar triunfante e sorridente.
Dalí em diante, na selva, se
esquivaria por entre as mesas à procura de um paletó cheio de ouro para faturar
a noite. O queijo que corria pelas bandejas nas mãos de garçons emperiquitados
estava ao seu alcance, e a loira rata consumia largamente para reforçar a
coragem e partir para a luta, visando garantir o próprio futuro, embora na
maioria das vezes não ganhasse o suficiente para sobreviver mais do que o
período até a próxima festa.
Não era a única naquele ramo; havia
tantas que se abalroavam pelo salão tentando se sobressair de alguma maneira,
içando o corpo da lama podre em que habitavam e onde eram treinados para o
combate.
A vida é dura mesmo para quem está com
a aparência exatamente oposta; a da boa existência, com alcance a objetos caros
e delícias inimagináveis. Talvez seja por isso que há quem alegue,
tranquilamente que prazer e dor são lados da mesma lâmina, mortal de qualquer
lado que sejam acossadas.
A loira rata é o espectro do novo
mundo, a razão de existir para muitas jovens que as admiram e querem seguir
pelo mesmo caminho. Safadeza hereditária.
Marcelo Gomes Melo
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