“O ser humano é uma paixão inútil”
Os
ratos são os primeiros a abandonar um navio prestes a afundar, mesmo que
estejam em alto mar, longe da costa. Ratos que adentraram no mesmo navio
luxuoso para meditar; para lucrar inconsequentemente sem vacilar.
Tais ratos escaneiam o salão de festas
principal, cada canto, cada lugar, em busca dos melhores negócios, das melhores
oportunidades. Os bolsos cheios de dinheiro em espécie, em cheques e barras de
ouro, sussurram nos ouvidos uns dos outros promessas regadas a caviar, beluga e
salmão, vodca, champagne e festas particulares no carnaval. Apostam a vida
alheia como moedas sem valor.
Mesmo com a sensação de que os ratos
estão no comando do mundo, os roedores são espertos, furtivos, valorizam a
discrição e raramente se mostram aos olhos do público; e quando o fazem estão
certos de que o olhar popular está preocupado com coisas mais simples, como
polêmicas encomendadas na televisão. Jogam areia nos olhos do mundo, dominam os
desertos e desejam controlar as almas remotamente.
Nas sombras concatenam os
acontecimentos, manipulam os cordões das marionetes com destreza e frieza, até
que alguma coisa dê errado e não haja conserto. Então fogem sorrateiramente,
abandonam o navio sem pensar duas vezes, em alto mar.
Uma pergunta permanece em nossos
corações e mentes; nós, os desenganados políticos pela falta de escrúpulos das
ratazanas. Os ratos sabem nadar? Terão eles algum tipo de acordo com tubarões
para escapar incólumes?
Jean Paul Sartre afirmava, há tempos,
de forma calculista e até entristecida, supõe-se: “O homem é uma paixão inútil”.
Marcelo Gomes Melo
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