O
pão com ovo do amor
A
teoria é de que o amar, o ato em si, petrifique-se, imortal, observando todos
os gestos, as ações realizadas por suas vítimas, as mais radicais, que exageram
e se perdem, e sofrem, e dificultam e se matam.
Que as fantasias sobrepujem,
contaminem e misturem o amar, e o amor seja vestido e revestido pelas
expectativas humanas, egoístas e, portanto, falhas.
Levando em consideração essa tese
milenar, pode-se argumentar que é mais fácil fingir, pensar e acreditar que se
ama fantasiosamente, como um alucinógeno qualquer a atingir realmente o estado
de amor incondicional, legítimo e inacabável, porque isso é simples. Tão
simples que confunde.
O amor é simples porque a simplicidade
é perfeita, sem pirotecnias pouco plausíveis e sem sofrimentos destruidores. O
amor é constante, sem interrupções e sem lugares comuns; para amar não é
preciso pensar no amor nem em seus clichês, ele é rotineiro como água e
refeição; diário, necessário e com sabores peculiares. Alimenta, sustenta e não
cobra, a nãos er que consumido à saturação.
O amar é pão com ovo, é falta de noção
de etiqueta. Pode-se dizer, referindo-se à condição dos seres humanos, que ele
é sorriso, não gargalhada.
Marcelo Gomes Melo
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