Brasil, fábrica de leis
Vivemos em um país em
que não se cumpre as leis. Não que elas não existam; elas existem, sim, mas não
são cumpridas porque o povo se orgulha do famoso “jeitinho brasileiro”, que
envolve burlar as leis em proveito próprio na maior cara de pau.
Há lei que proíbe o uso de aparelhos sonoros dentro de
coletivos; é respeitada? Não! O próprio motorista liga o rádio em altura
inacreditável, obrigando os passageiros pagantes a compartilhar o seu (péssimo)
gosto musical. Quando não é o motorista é o cobrador, ou os próprios
passageiros, ansiosos por acionar seus aparelhos celulares no modo cancioneiro
popular, ou mesmo programas de televisão, ignorando o direito alheio e a lei. A
lei? Ora, a lei!
Não é permitido fumar em dependências públicas, mas mesmo
assim é comum vermos funcionários, sejam vigias, médicos, enfermeiros ou
políticos esgueirando-se atrás de uma pilastra qualquer, denunciados
pateticamente pela fumaça tóxica, prejudicando a si mesmos e aos outros,
desrespeitando a lei impavidamente.
A utilização do aparelho celular enquanto se dirige é
proibido, mas visto constantemente nas avenidas, o que piora ainda mais o já
terrível e temível desempenho dos motoristas causadores de todo o tipo de
infração de trânsito. Cabe citar que as montadoras de automóveis já estão
ajudando a contornar a lei por uma módica quantia, inserindo viva voz nos
carros, para que os celulares repousem fora da vista dos ávidos policiais,
treinados para multar.
As leis brasileiras surgem como mágica, a cada dia, prontas
a saciar a crítica feroz à inércia dos políticos. Então criam leis para provar que trabalham. Não importa o quão sejam absurdas, e sabendo
que jamais serão cumpridas. Há mais leis no país do que consciência, ética e
honestidade!
Cria-se lei proibindo os pais de educar seus próprios
filhos através de punições; cria-se lei para decidir a guarda dos animais de
estimação em caso de separação judicial de seus donos; cria-se lei
propositalmente com mais buracos do que queijo suíço, apenas para possibilitar
aos advogados dos seus criadores explorar as brechas que os permita utilizá-las
em vantagem própria. O que importa é fabricar leis, e não ajustá-las e
cumpri-las, visando o aumento da qualidade de vida das pessoas, e regida pela
justiça social.
Logo criarão leis para burlar a justiça divina. Aí,
salve-se quem puder!
Marcelo
Gomes Melo
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