Ela não está nem aí
Da
última vez ela passou a noite comigo fazendo amor selvagemente, mas foi embora
antes do amanhecer, saltando pela janela sem dar um sorriso ou dizer uma
palavra. Bem, ela não está nem aí.
As cidades por onde ela anda são
escuras e cobertas de pó; ela não demonstra nenhum interesse por coisa alguma e
costuma tomar o que deseja. Realmente, ela não está nem aí,
Quando percorre as avenidas que cruzam
o deserto com a sua motocicleta monstro, ela permite que o rock confronte o
vento e mastiga chiclete de pimenta, azeitando as suas armas que jamais falham
quando precisam ser usadas. As luvas de couro protegem as suas digitais e os
nós dos seus dedos quando machuca os oponentes sem piedade ou remorso.
E quando alquebrada, conserta os
próprios ossos e cortes bebendo muita vodca com o lendário olhar de desdém. Ela
não está nem aí!
Eu confesso que não faço ideia do
motivo pelo qual sou o escolhido para saciar a sua sanha sexual, tão violenta
quanto o seu dia-a-dia.
Eu desconfio que sejam os momentos em
que ouso acariciar-lhe os cabelos e massagear-lhe os músculos doloridos. Ela
fecha os olhos e confia essa única vez. Mas não dá um sorriso, não diz uma
palavra, sempre me deixa antes do amanhecer.
É o mais perto do amor que já consegui
chegar. Estarei condenado a um mero objeto sexual?
Marcelo Gomes Melo
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