Curare
Curare
para resolver as questões sombrias do amor, burlando o inevitável com grande
habilidade e sentenciando o final dos problemas do coração para iniciar os
problemas policiais.
Curare para a última tentativa de
respirar livremente, voltar à tona depois de muito tempo habitando as cavernas
escuras com águas enganosamente claras, mas fundas, que asfixiam até não poder
mais. Matam o prazer, destroem o carinho, e dor é tudo o que lhe resta.
Curare para os que se sentem
envenenados dia após dia, e apelam para uma solução radical que imobilize a
presa e a faça finalmente entender a motivação individual, os terrores que o
afligem e prejudicam.
Nada nesse mundo é sem risco, nenhum
passo é dado em vão; as escolhas cobram um preço e nem sempre é agradável. Não
se sabe se dará certo. Muito menos se haverá volta. Se vale a pena pagar o
preço... Lá são outras divagações.
Para a coragem ou falta dela, os
indígenas receitam secretamente, os cineastas demonstram dramaticamente e os
escritores insinuam discretamente: curare.
As combinações podem ser prejudiciais
à saúde, obviamente. A vida imita a arte e a arte completa a vida. Para tudo o
mais, curare.
Marcelo Gomes Melo
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