Busca pessoal pelo amor universal
Carmen
prometia com o olhar e gestos. Provocava conscientemente dentro de uma
distância segura. Sabia que eu iria persegui-la e assim o desejava, mas
confiava em suas pernas esguias e velozes para dificultar as coisas para mim.
Enquanto
eu percorria passo a passo, medindo a distância como um felino em busca da
presa, ela apenas observava com um sorriso um tanto debochado no belo rosto sincero,
malicioso e ingênuo; até certo ponto. Não movia um músculo, esperava imóvel, o
coração aos saltos, a adrenalina ferozmente lhe tomando o corpo.
O
meu corpo retesado pela expectativa, os meus olhos fixos no alvo do meu desejo
imutável, os passos acelerando e o medo que isso causava nela até o limite em
que podia fugir em segurança, escapando de meus braços e de sua solidão
intacta.
E
então eu corria em sua direção e ela sorria lindamente, mas se virava e corria,
a saia saltitando e os cabelos em caracóis afrontando a brisa. Velozmente tomava
o caminho do bosque entre as flores e árvores centenárias, testemunhas de
milhares de perseguições amorosas através dos séculos. Minhas botas afundavam
na terra molhada e o cheiro pós-chuva tomava conta do mundo.
Carmen
queria ser alcançada. Sabia que seria alcançada. Só não sabia quando. Provocava
e torcia, para que assim que o dia chegasse fôssemos abençoados com todos os
prazeres e todas as delícias que humanos imaginam ter.
Eu
sabia que a alcançaria, à beira do lago, sobre a relva úmida e sol tímido do
entardecer se despedindo. Tinha certeza da corrente elétrica do contato entre
os corpos, das palavras desconexas e dos grunhidos loucos. Ninguém nos veria!
Ninguém nos ouviria! Seríamos então, parte da natureza, completamente. Comunhão
de pensamentos, sentimentos, vida... O amor universal!
Marcelo Gomes Melo
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