São os medianos que dominam o mundo
Como
se possa imaginar de imediato, não são os sábios ou os gênios que dominam o
mundo.
Os sábios estão ocupados, voltados a
si mesmos e aos seus pensamentos, procurando meios para melhorar o mundo e o
comportamento insano dos homens. São da espécie contemplativa, imóveis em sua
sapiência, derramando pérolas de quando em quando, as quais tornarão a
existência mais suportável; incutirão pensamentos filosóficos que farão com que
a população se questione, e questione os valores vigentes, pressionando por
mudanças que alivie o peso das péssimas e egoístas decisões medianas que sempre
explodem sobre a maioria. De quando em quando são aceitas. Nem sempre. O mais
comum é serem pérolas aos porcos.
Os sábios são minoria. Não são capazes
e nem tencionam dominar o mundo, apenas melhorá-lo.
Os gênios estão ocupados com suas
pretensas loucuras, artimanhas em que ninguém pensou, planos que ninguém jamais
imaginou serem viáveis e que significarão anos de alcance futuro; evolução
física, geográfica, tecnológica, hídrica... Controle populacional garantido, de
maneira sustentável, com controle de natalidade ou até invenções mais radicais
como a bomba atômica, a de hidrogênio, vírus ebola, AIDS, conjuntivite e muito
mais.
Esses
gênios são pouquíssimos, uma parcela ínfima da humanidade, e não estão na
agenda de nenhum deles comandar o mundo livre ou não; querem apenas descobrir,
colaborar com maneiras de destruir e construir grandes coisas, são egocêntricos
por natureza e não desejam perder tempo se preocupando com os meandros da
política ou atitudes mesquinhas e rasteiras, menores como dominar o mundo. Os
gênios e os sábios já têm os olhos voltados para o futuro do universo.
A parte da população que não sabe de
nada, os inocentes que formam a base da pirâmide, esses sabem que nada sabem e
não desejam saber mais do que o necessário para sobreviver. Gostam de sentir a
comodidade quente da lama em que habitam, a ausência de responsabilidade por
qualquer coisa, que adoram transferir para as instituições, para Deus ou para o
governo, tanto faz, desde que isso os deixe livres para pecar de todas as
maneiras possíveis.
Não, não admitirão nada disso em
hipótese alguma, os que nada sabem; mas se lamentarão chorosamente sempre que
necessário para tornar suas desonestidades bizarras em segundo plano e sempre
preferirão exercer a função de estilingue, vidraça jamais. Os tranquiliza agir
como carneiros, postos em linha por um pastor que os conduza com um cachorro
feroz e um cajado poderoso, fazendo-os comer e beber para acalmá-los. Só se
rebelarão em tempos de fúria da natureza que reduza a quantidade de conforto e
baixe a temperatura da lama em que habitam. Frio e fome são as únicas coisas
capazes de tirar a base da pirâmide da letargia moral, física, mas não
intelectual. Jamais comandarão a nada, nem aos próprios destinos.
Eis
a razão pela qual os medianos comandam o mundo. São medíocres. Não conhecem ou
sabem de coisa alguma em especial, mas apoderam-se do que os outros sabem. O
talento dos medianos é a ambição desmedida e a coragem para fazer o que for preciso
para assumir e se manter no poder: burlar leis, enganar, mentir e roubar.
Os medianos cultivam a hipocrisia,
adoram ao dinheiro acima de qualquer coisa, e sacrificam família, amigos,
parentes em troca de lucro e poder. Exterminam aos pobres acomodados e sugam o
cérebro dos sábios; assaltam as descobertas dos gênios e utilizam tudo o que
podem para ocupar o trono e afagar o próprio já inflado ego.
Os
medianos são o flagelo dos deuses; os exterminadores da natureza e os verdadeiros
responsáveis pelo apocalipse. O maior sonho deles no momento: encontrar outro
planeta para colonizar, dominar e destruir, fugindo daqui antes que esse que
eles destruíram se acabe.
Marcelo Gomes Melo
Uma visão lucida de nossa sociedade.
ResponderExcluirConcordo plenamente.
E dizem por ai que os anos das trevas se foram. rsrs
Beijão Marcelo.