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            “Pensar é estar doente dos olhos”


         Defendendo a simplicidade completa, afastando-se de todo e qualquer pensamento filosófico e proclamando-se um antimetafísico, Alberto Caeiro, poeta, heterônimo de Fernando Pessoa, defendia que pensar turva a visão, faz com que a beleza, por ser momentânea, perca-se em sua totalidade, visto que “o pensar” transporta o ser a um universo de difícil compreensão, carregado de metáforas e charadas cuja complexidade afeta a razão.
          Caeiro valoriza as sensações como a única realidade e foca-se na natureza em seus poemas de linguagem simples e familiar, construídos com versos simples. Seu interesse é retratar a realidade de forma visualmente objetiva e natural.
          Sendo um poeta do presente, não se importando com o que já passou ou com que possa vir, utiliza-se da natureza em seus poemas, aproximando-se do neoclassicismo pelo interesse pelo real e natural da vida.
          Como ideologia, o poeta valoriza o sentir, e isso faz com que consiga pregar o viver sem dor, envelhecer sem angústias e desespero no coração e na alma; não procura sentido algum para a vida nem para acontecimento algum no entorno, apenas sentindo, não raciocinando.
          Os versos abaixo de Fernando Pessoa sob o heterônimo de Alberto Caeiro exemplificam a arte e a capacidade do poeta de dissociar-se do que é fruto de pensamentos e filosofias vãs.
          Às vezes, em dias de luz perfeita e exata,
          Em que as cousas têm a realidade que podem ter,
          Pergunto a mim próprio devagar
          Por que sequer atribuo eu
          Beleza às cousas.
 
          Uma flor acaso tem beleza?
          Tem beleza acaso um fruto?
          Não: têm cor e forma
          E existência apenas.
          A beleza é o nome de qualquer cousa que não existe
          Que eu dou às cousas em troca do agrado que me dão.
          Não significa nada.
          Então por que digo eu das cousas: são belas?
 
          Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
          Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
          Perante as cousas,
          Perante as cousas que simplesmente existem.
 
          Que difícil ser próprio e não ver senão o visível!


                                       Marcelo Gomes Melo

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