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      Luta febril pela supremacia no comércio informal



          A luta pela supremacia das vendas nos faróis está cada vez mais acirrada. A economia informal, antes dominada por garotos de pés sujos, aliciados ou não pelos pais e/ou responsáveis, fazendo pirâmides humanas e equilibrando bastões de madeira e bolas de tênis, como focas amestradas, em troca de algumas moedas, logo foi diversificando o espaço em frente aos automóveis parados, com seus motoristas impacientes para romper o tráfego e chegar ao seu destino. Vendedores de balas, chicletes, chocolates de procedência duvidosa e data de validade ultrapassada... Contratados do marketing inventivo segurando e chacoalhando bandeiras de candidatos a cargos políticos, entregando os mais variados panfletos, desde acupuntura sensorial à macumba para agarrar marido; de produtos sanitários a lançamentos imobiliários e entrega de naftalina em domicílio criaram uma nova paisagem geográfica pelas calçadas e praças das grandes cidades.

          Aos gritos, essas pessoas buscam de alguma forma sobreviver; uns honestamente, outros ingenuamente, outros tentando se aproveitar dos seus semelhantes, assaltando e tirando vidas como se fosse brincadeira.

          A nova classe profissional de catadores de lixo aperfeiçoa seus métodos construindo carrinhos enormes de madeira para juntar mais lixo reciclável e diminuir a sujeira das ruas, substituindo ao governo na responsabilidade e ao próprio povo, que, desprovido de educação colabora para as enchentes e proliferação de doenças.

A última atualização desse comércio informal, no qual não se paga imposto e não se tem décimo terceiro salário nem auxílio médico e dentário, ou possibilidade de frequentar uma escola, pois cada segundo faz a diferença na guerra pela sobrevivência, e a participação de novos atores nesse papel social: o profissional qualificado.

          Sim, senhores da diretoria! Profissionais qualificados, com diploma superior e formação específica em sua área, multilíngues, supostamente preparados para ocupar uma vaga no mercado formal de trabalho hoje enxergam maiores vantagens em se acotovelar lado a lado com crianças sem teto e deficientes físicos nos faróis, buscando o sustento da família!

          Engenheiros vendendo iogurte, jornalistas negociando sorvete, artistas sacoleiros, alfaiates vendendo capinhas de celulares, todos abandonados, e abandonando a área para a qual foram treinados com o intuito de fugir da humilhação do salário irrisório, dos horários torturantes e custo benefício inexistente. Médicos vendendo balas de goma e ervas medicinais, arquitetos instalando calhas e enfermeiras vendendo panos de prato são participantes comuns da informalidade financeira do país. Fugindo de impostos altos e ausência de retorno em melhorias para a população, tratam a qualquer custo manter a cabeça acima da linha d’água, não morrer afogados pela ineficiência do governo.

          São profissionais já experientes alijados de seus postos e jovens recém-saídos da universidade, diplomas à mão e desilusão garantida ou seu dinheiro de volta.

          Quem são os que exercem os empregos no lugar dessa gente? Pessoas desqualificadas, do tipo ex-jogadores de futebol que desconhecem os princípios do jornalismo, desconhecem os princípios da língua portuguesa culta e esbanjam o uso de palavrões em horário nobre, bem como a total falta de conhecimento histórico dos esportes, por exemplo. Seriam esses  os jornalistas esportivos do terceiro milênio?

          Há uma coisa, finalmente, que os une e categoriza, profissionais qualificados e largados à margem da informalidade, e pessoal desqualificado para qualquer coisa, mas apadrinhados, mão de obra barata, talvez; todos já tentaram, cogitam ou tentarão exercer a profissão-pérola do nosso tempo: político profissional.

 
                                Marcelo Gomes Melo

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