Não
existe problema sem solução
Um homem comprou um
carro que tinha um defeito curioso. Mandou uma carta à fábrica relatando o seu
problema. “Não os culpo se não responderem. Sei que parece loucura. Toda noite,
depois do jantar, pego o carro e vou tomar sorvete. Quando compro de creme, o
carro não funciona. Quando compro de outro sabor, liga na hora. Por que isso
ocorre?”.
A carta foi parar na mesa do presidente da empresa, que
destacou o seu melhor engenheiro para desvendar o mistério. Incrédulo, o
engenheiro chegou à casa do homem na hora em que ele saía para tomar sorvete.
Os dois foram juntos à sorveteria. Pediram de creme. Voltaram ao carro.
Ligaram. Nada. No dia seguinte repetiram o passeio. Pediram de baunilha. O
carro pegou. No terceiro dia, nozes. Tudo bem. No quarto, framboesa. O motor
perfeito. No quinto, creme, de novo. O motor não deu sinal de vida.
Inacreditável! A única conclusão possível: o carro era alérgico a sorvete de
creme. O que fazer diante dessa constatação? Trocar o óleo por creme
antialérgico?
O engenheiro não podia acreditar naquilo. Passou uma semana
cruzando dados e comparando hipóteses. Um dia, olhando as anotações, achou uma
pista: o homem levava menos tempo para comprar sorvete de creme. Como era um sabor
bastante pedido, o latão de creme ficava à mão do atendente. Para pegar os
outros sabores, tinha de lavar a concha, enxugá-la, dar alguns passos para
pegar o sorvete e mais outros para entregá-lo ao cliente. Além disso, o de
creme custava cinquenta centavos. Os outros sabores, setenta. Como o homem
nunca tinha trocado, quando comprava de chocolate ou de morango tinha de
esperar para receber e conferir o troco. Isso representava um minuto a mais.
Com isso o mistério ganhou uma nova configuração. Não se
tratava de o carro gostar ou não de sorvete de creme. A questão agora era: por
que ele não funcionava quando se levava menos tempo? O engenheiro abriu o
motor, conectou aparelhos a várias peças e descobriu que havia um relé com uma
ventoinha defeituosa, que causava um problema de resfriamento. Touché! Quando o
homem comprava sabores como pistache ou flocos, a peça tinha tempo para
esfriar. Quando pedia de creme, o serviço era mais ágil, o relé ainda estava
quente e não funcionava. Estava esclarecido o mistério. Era só não embarcar nas
aparências, estudar o problema com mais cuidado e encontrar o caminho certo.
Por mais complicado que seja, não há problema sem solução.
Argumentação
retirada da internet, exemplificando a importância da análise detalhada dos fatos.
Marcelo
Gomes Melo
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