Com
um coração partido e uma arma na mão, o cinto de couro desgastado impedindo que
a calça deslize para os tornozelos e cause um tropeço, tudo o que um homem quer
é beber e socar a porta do puteiro livremente.
A voz é representada pela força dos
braços e pelo olhar atônito infantil de quem não crê em mais nada. Saborear um
cálice de sangue feminino através do olfato equivale a exigir rendição a ela
sob chuva de beijos-meteoro, implacável, indolor, um barco para cruzar o
estige, sem moeda no bolso ou nos olhos...
Um coração partido por si só explica
muita coisa. Linha de pesca e uma agulha de sapateiro pode remendar e prolongar
o uso, sem a mesma eficiência de antes; paradoxalmente mais preparado para
resistir aos dissabores. Os antídotos são venenos desconhecidos, que podem
tanto proteger quanto afetar, não há cura. Quem quer cura?
Sob o sol da meia noite da alma,
mantenha o chapéu aqui embaixo escondendo-lhe os olhos. No canto da boca não há
cigarro, há sabor de licor. Não existe sorriso, nem flores. O ócio que o amor
provoca destrói e repele; resta ser um sofredor rebelde, relutante,
inconformado!
A perversão feminina aumenta quando
você se debate, tubarão próximo ao sangue. Inocentes não há. Há perdição e
magia para manter o sopro da vida.
Marcelo Gomes Melo
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