Atrelar os próprios feitos a um mundo
cruel
Quando
o mundo se torna um fardo para quem nele vive, representado por uma canção
triste lotada de versos incompreensíveis, mas estarrecedores, eis a hora de
manifestar-se mentalmente contra o sistema vivo que cerca e devora, marca e influencia
erroneamente, impiedosamente.
Rebelar-se desde o início, com
consistência e consciência alienará o fanatismo, apagará as luzes pálidas que
guiam incautos rumo ao precipício na escuridão profunda em que os falsos
líderes e governantes cultivam para confirmar o poder e manter acorrentados
milhares de destinos que ladram, mas não mordem; apenas criam barulhos para
ensurdecer a si mesmos por gerações a fio.
Epifanias guiam, desde os primórdios,
as ações de loucos e conquistadores, enfeitiçando multidões e as encaminhando
ao curral do absurdo, levando-as a cometer as piores atitudes e a defender as
mais asquerosas teses sem se dar conta de que condenam a todos inevitavelmente
a um fim deplorável.
Fala-se em fim dos tempos há séculos
sem perceber que os tempos não acabam, mas as civilizações se extinguem como
areia por entre os dedos, inexoravelmente. As pessoas se acabam; céticas ou
crédulas, somem sem deixar vestígios, e a assinatura que ofereceram a dominadores
que regularam os seus desejos e à própria existência desaparecem, apagadas pelo
tempo, esquecidas e sem nenhum valor.
O relógio testemunha, indiferente, à
passagem humilde de cada ser humano incapaz de atrelar benignamente os seus
feitos a um mundo cruel e mortal.
Marcelo Gomes Melo
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