Tripé!
Tudo
começou depois que ela adquiriu um desses novos smartphones com WhatsApp e o
caramba, passando a acessar a internet e a aprender milhões de coisas boas,
ruins e neutras à vontade.
Foi nessa época que ela me conheceu, e
estava neurastênica para enviar e receber fotos de paisagens e de pessoas,
inclusive dela mesma.
Eu funcionei como um instrutor, dando
dicas do que fazer e como fazer para registrar a própria imagem online e offline.
Qualquer tipo de foto. Servi como cobaia para ela. Achei que a danada havia
gostado, pela reação sensacional que teve, mas, logo em seguida demonstrou
desespero, foi o que os amigos online e os parentes me disseram, já que perdi
contato completo com a moça durante um período. Fiquei surpreso ao saber do
porquê.
A garota estava em uma louca cruzada
na busca por um tripé! Isso mesmo, ela queria o tripé, procurava o tripé,
desejava o tripé, só pensava no tripé! Juro que fiquei enciumado, porque havia
lhe ensinado muita coisa! Que tripé era aquele procurado com tanto desatino?
Eis que, incrivelmente tive a chance
de contestá-la pessoalmente, visto que a agitada moça me encontrou! Descobriu o
meu paradeiro, meu local de moradia e foi me encontrar. Em princípio gelei, mas
quando ela saltou sobre mim com entusiasmo, pendurando-se em meu pescoço, cruzando
as pernas em torno da minha cintura...
Descobri que o tripé era eu! Ela não enlouquecera
sem razão, estava à procura de mim! Eu era o que ela necessitava! O tripé que
ela queria era o meu!
Sim,
o bendito tripé ao qual ela desejava incessantemente era o meu! Como deixei
passar o que era claro desde o início? Ela me queria, queria o meu tripé...
Oh, esqueci de contar que sou
fotógrafo, não foi?
Marcelo Gomes Melo
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