Alimentando-se das sobras do natal
No
dia seguinte à comemoração de natal, o desânimo surge com força para retomar o
seu espaço natural na vida das pessoas; os excessos cometidos são visíveis e a
máscara de bondade utilizada pelos hipócritas de plantão começa a derreter,
expondo a fria face da inveja e caráter deficiente.
Houve quem usou uma máscara tão exagerada
de amor ao próximo e preocupação que a confecção da mesma foi feita com açúcar,
e agora deixa rastros do uso indevido com desfiguração animalescas nas caras
embriagadas e odiosas do dia-a-dia.
A farsa da união anual, da comiseração
pelo estado desolador do próximo, da troca de afagos e presentes, dos discursos
repetitivos e cada vez mais inócuos já não funciona como antes. É muita gente
corrupta para pouco discurso decorado.
O álcool ajudou a engolir as falhas e
o comportamento inadequado de cada um empanando as frustrações eternas para que
o papel de “quase santos” seja exercido na medida do possível.
Uma tradição que a cada ano vai sendo
apagada, extinta pelas novas gerações dominadas por grupos militantes com o
intuito de impetrar novas marcas e se sobressair, exercendo poder sobre os
outros, alicerçados por uma mídia manipuladora, insensível, corrupta, descrente,
que se alimenta da degradação alheia para nutrir a fornalha de suas ambições.
Os que ainda procuram resistir
timidamente, pálidos e com energia reduzida são os chamados dinossauros de
épocas passadas, praticamente esquecidos, à margem da sociedade, tentando
preservar uma cultura atropelada por uma paradoxal decadência tecnológica em
altos níveis, sem volta. Esses são os que se alimentam das sobras do natal.
Marcelo Gomes Melo
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