Há um cortiço em minha mente
Eu
não sei quem foi, mas sei em quem vou colocar a culpa. Eu nem sei quem é, mas
se passar na minha frente catando cavaco eu vou chutar o crânio.
Eu não tenho provas, mas aprendi que
pra não vacilar tem que gritar mais alto. Eu não vou acusar a ninguém se eu não
correr perigo, mas vou matar pra defender a quem amo.
Há um cortiço em minha mente decente,
que fica incoerente quando alguém me mente, por favor nem tente! Não procuro a quem
pintou a zebra, quero só o resto da tinta. Não me interessa quem tem dedos, eu
quero só o buraco. O meu sobrenome é distração, passo invisível pelo mundo e
gosto disso.
Eu conheço a minha força e as minhas
possibilidades, mas sempre sou prudente e jogo na defesa. Produzo um contra
ataque violento e exterminador, por via das dúvidas. Não é nada pessoal.
Em tempos de gorila, banana se esconde
no cacho. Eu sou um torpedo prestes a ser detonado, imóvel ao sol como um
crocodilo, sem mexer nem os olhos. A vida é linda e igualitária, mas os seus
detentores, não. Matar um leão por dia ficou difícil, quando é você quem vive
no zoológico. Prefiro atazanar a velha da cocada a ficar no meio da fila,
exposto aos incidentes e casualidades que acometem sempre aos de coração vazio.
Sim, porque pura só cachaça, e olhe lá!
Acredite,
se não acordar cedo não vai sobrar rabanada. Eu tenho uma mente indigente,
precisando de aquecimento, carente, indecente, mas jamais indulgente.
Treino para escutar o pio da coruja
mais distante, e para ser sempre o primeiro caminhante, adiante até da minha
sombra.
O desconfiado rói o osso, mas não
disputa a carne com os abutres. Vou levar o colar pra ela, longo o bastante
para encantá-la, caro o bastante para impressiona-la, forte o bastante para
enforca-la, caso necessário. É assim que caminha a humanidade, concidadãos!
Marcelo Gomes Melo
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