Nos anos
oitenta, esplendor do século vinte em termos de moda inútil e futilidades
efervescentes ainda havia contestação no país. A juventude apresentava
resquícios de cérebros ativo, criavam em vez de copiar, produziam e
demonstravam alguma consciência do caos que os cercava, da deterioração
cultural que estava em pleno curso, paralelo aos adventos tecnológicos que
surgiriam para facilitar a vida de todos.
Renato Russo, a voz da Legião Urbana,
famosa banda brasileira de rock já apregoava versos proféticos: “Desde pequenos
nós comemos lixo/Comercial, industrial/Mas agora chegou nossa vez/Vamos cuspir
de volta o lixo/Em cima de vocês”. Os filhos da revolução estão na ativa hoje
em dia, completamente alienados, fraudando vestibulares, invadindo shoppings
dispostos a consumir lixo; fazendo coisas que não exija deles algo difícil como
exercitar a mente, colaborar com a sociedade preparando-se adequadamente para
adentrar o mercado de trabalho e atuar como cidadãos conscientes e
participativos.
Os herdeiros de uma época cruel agora
queimam indígenas e mendigos vivos pelas ruas, agridem pessoas com orientação
sexual diferente, alimentam ódio gratuito às instituições sem fim lucrativo ou
religiosas, usam e abusam de um vocabulário finito, composto em 80% de
palavrões e, “tipo assim”, vícios de linguagem... Não se interessam por nada
que os obrigue a raciocinar, como os destinos do país e a sobrevivência do
planeta, abominam estudar, desconhecem o sentido de hierarquia e respeito. A
arte produzida por eles parece cópia, diluída como feijão com muita água, sem
qualquer traço de preocupação política ou social, apenas a expansão do vazio.
Eles não investem em si mesmos, aprimorando
o intelecto e sabendo que, como no ditado americano “sem dor, não há ganho”.
Dão a impressão de vegetar à espera de um final; qualquer final. Uma geração
inteira assim representa o final dos tempos?
Espera aí, geração inteira? Não. Há
exceções. Isso garante o mínimo de esperança para um futuro diferente, mudando
para melhor vidas normais.
Marcelo
Gomes Melo
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