Quando
a vontade de sair atirando nos que estão errados se torna obsessão, um novo
dilema surge imediatamente, que é definir quem são os que estão certos, levando
em conta as individualidades e subjetividades sobre o que é certo e o que é
errado.
A
partir daí surge um novo problema: a vontade, a obsessão de atirar nos errados não
é, em si, um erro? Uma decisão monocrática radical que faz a quem possui a arma
o mais poderoso, e portanto, aquele que vai decidir o que é certo e o que é
errado através das próprias crenças. Isso seria democrático? Ou um indivíduo
com a síndrome de Deus decide que o seu julgamento é perfeito, sendo a decisão
a ser tomada sem contestação.
É
tênue a linha que difere o livre-arbítrio da escravidão massiva através do
domínio da ignorância alheia, que existe para se submeter aos caprichos dos que
se consideram os mentores da raça humana, e pretendem ser imortais não importa
como, para decidir o funcionamento de todo um planeta, criando as histórias dos
que vivem sem conhecimento, direcionando os seus destinos através de suborno ou
fanatismo de qualquer cepa, guiando-os para o precipício como formigas atrás de
açúcar, gado no corredor do matadouro...
Os
deixam espernear, acreditar que lutam por algum propósito, colocam o seu ódio e
ansiedade a serviço do desequilíbrio que ajudará os poderosos a produzir
confusão e terror, esperança e ganância, influenciando os passivos e
calibrando-os como desejam até que explodam, ou implodam, aliviando o mundo de
suas presenças inúteis e abrindo espaço para gerações cada vez mais
controláveis, física e mentalmente.
Sair
atirando a esmo seria menos injusto e morrer em um tiroteio aleatório não causaria
justiça, mas incluiria na receita da humanidade dominada um pouco de cinismo e
ironia, tornando a vida algo tão etéreo que não vale a pena descobrir as razões
para lutar por ela e sobreviver como um pária até que acabe instantaneamente,
como um flash de uma máquina fotográfica que registrará para a história, tudo
que faz da existência um exercício patético e inútil.
Marcelo
Gomes Melo
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