A
lógica impecável jamais apagará o fogo iniciado pelos beijos mais inocentes, e
pelos toques mais suaves, porque agem como diesel atirado ao fogo, alimentado
por madeira em uma noite de frio e chuva.
Lógica
alguma dominará qualquer concentração enquanto corpos se roçam e palavras se recusam
a sair de lábios macios, gostosos como fruta madura. Olhares excitados jamais
serão contidos por um banho de lógica sensata e fria, colocando em cada
compartimento correto as inúmeras sensações que se misturam e ardem, tomam
conta indiscriminadamente e demoram o tempo que desejarem até que se apaguem ao
sabor da tranquilidade, brasas que ficam mornas e descansam até que sejam
reacendidas.
A
paixão suprema acaba com qualquer dúvida, supera qualquer obstáculo, se
sobrepõe a qualquer filosofia apenas porque tem esse poder. E destrói os
esquemas matemáticos, perfeitos e coerentes, como um castelo de cartas sob um
ciclone de ventilador.
Nenhum
pensamento racional está qualificado para atingir o tesão incoerente,
inconstante e altamente instável, como tormentas de verão que deixam para trás
aquele odor maravilhoso de terra molhada, viçosa, pronta para ser semeada e
gerar árvores, e flores, e frutos.
A
necessidade de ser assim jamais foi completamente explicada pelos poetas,
pensadores, filósofos ou loucos, esses últimos os mais preparados para chegar
mais perto e alcançar o objetivo do amor total.
A
inconsistência persiste, entretanto, causando uma crescente necessidade que vai
além das classes sociais ou gêneros humanos de buscar a explicação, sentir
sempre mais, alcançar o que para os românticos seria o morrer de amor,
literalmente. Nem isso tornou plausível ou provado que é possível alcançar o
auge supremo da paixão universal.
Não
deixa de ser um incentivo para que cada um, seja qual for o nível que alcance,
carregue consigo as marcas de uma paixão verdadeira.
Marcelo
Gomes Melo
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