Inesquecível
é aquilo que lhe toca a alma profundamente, ou a pele suavemente, por questão
de segundos. É o que lhe inflige pensamentos contínuos, analisando de milhares
de formas um único acontecimento, explorando os diversos ângulos como uma câmera
nas mãos de um diretor de cinema criativo.
Colocar-se
no lugar do outro, para absorver os pensamentos, os sentimentos e os sabores
também é um indício comum, uma fome que se apodera de todos os que foram
estigmatizados pela marca do amor.
Pode-se
facilmente adentrar às lendas da paixão sem mover um músculo, parecendo
estranho ao olhar dos outros, um alien de olhar perdido e sorriso bobo no
rosto, sem aparente motivação.
O
inesquecível apodera-se de ti, pobre alma, e sacoleja os teus ossos para lá e
para cá, ao bel prazer, transformando-te em mero passageiro em um ônibus sem
freio, um trem descarrilado, por vontade própria, reclamando apenas por querer
mais.
Nada
é simples no coração de um apoderado, vítima tresloucada do terremoto de neve
que apenas cresce, tomando forma e se espalhando por todos os órgãos do corpo
humano. É por isso que ao olhar no espelho, só se enxerga um enorme e vermelho
coração.
Cabe
lembrar que nem sempre assim, novo em folha, pulsando forte, imparável. Com o
tempo alguns curativos serão feitos, alguns pontos sendo dados, e serão
carregados com honra, adquiridos em batalha, jamais renegados. Inesquecíveis.
Os
umbrais do tempo podem desabar sobre o seu velho corpo moído de pancadas da
paixão, ordenando-lhe o impossível: que esqueça o que houve desde a tenra
juventude, até o ápice alcançado sabe-se lá depois de quanta andança, que
renovará o seu estoque de suspiros e a alegria de viver; e revivendo
sentimentos há muito vividos, uma alma renasce com o dobro da força anterior, e segue o seu destino,
superando obstáculos, recolhendo os prêmios, renovando os votos com o amor,
indiferente ao pânico, escondendo-se do terror, fingindo não estar assustado.
A
inesquecibilidade faz parte do seu ser. Vai além disso, torna-se você, por
inteiro. Não lhe permite apagar como uma lâmpada velha, simplesmente trocada
para manter a chama acesa. É uma vela que queima, intermitente, e jamais acaba.
O que dá a impressão de estar apagada é a distância. Quanto mais se afasta você
percebe que tudo em volta é escuridão, e chega um tempo em que não mais enxerga
a claridade da vela, acreditando que ela se apagou.
Engana-se,
alma atormentada pelo desassossego! É você quem se dirige ao mar bravio da
escuridão. Assim que se permitir retornar, verá que o grande amor permanece,
queimando, imutável e inapagável. Inesquecível!
Marcelo
Gomes Melo
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