O santo e o pária lidando com a ilusão de viver
A
verdade é que sempre que penso em você esqueço todas as coisas ínfimas da vida;
comer, beber, respirar, tomar decisões rotineiras que fazem a vida acontecer,
tranquila de certa forma, superando os percalços que cada um precisa enfrentar
para se fortalecer nesse círculo vicioso eterno até que acaba invariavelmente.
É você quem causa furor no meu
existir, toca violão com o meu coração, dedilhando suave, mas firmemente,
produzindo sons tão macios, quase inaudíveis, e sons guturais vindos do fundo
da alma para liberar todos os sonhos marginalizados por uma existência de
constrangimento e hesitação.
Você sim, que maneja a espada de luz
cortando a escuridão em pedaços pequenos que se reduzem a sombras em meio a uma
imensidão de calor e esperança.
E como penso em você o tempo todo,
jejuo como um santo e blasfemo como um pária, querendo a recompensa contida em
você, o maior dos prazeres que um homem pode alcançar.
A luta diária entre o santo e o pária
faz com que alcançá-la fique cada vez difícil e a fé seja questionada. Tudo
fica imerso em dor e confusão sentimental.
O caminho para o triunfo é insípido,
enevoado, cada decisão causa desdobramentos inimagináveis. É a caminhada da
ilusão jamais encontrando o horizonte.
Não posso parar de pensar em você para
sobreviver na busca pelo amor imortal e a paz de espírito. E pensando em você
lhe afasto de mim pelas agruras da vida real.
Um paradoxo eterno pelo período que
chamamos de vida humana, sem fim enquanto vivemos. E acreditamos.
Marcelo Gomes Melo
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