A vida com todos os percalços
Eu
descobri que sou muito romântico. Daqueles da antiguidade, cheio de pompas,
embora a minha aparência e o meu comportamento neguem isso peremptoriamente a
quem está destinado a enxergar apenas a superfície de aço.
Todas as vezes que me envolvo para
tirar onda, amor de uma noite apenas, restrições impostas com dureza sobre
negação de informações pessoais, apenas o bom e velho sexo imediato, sem
cobranças, sempre alguém se apaixona.
Não importa o quão diferentes sejamos,
ou o quão financeiramente destoamos, tudo acaba em paixão sequiosa, prantos e
desencontros; pazes e tesão redobrado.
O único antídoto é a diferença
intelectual. Nada resiste a pensamentos toscos, dificuldades de tomar
posicionamentos firmes de qualquer forma, não importando o que a maioria pensa
ou defende.
Tal incapacidade gera repulsa, não há
tesão que resista, e passado o teor alcoólico resta um vazio inominável, um
arrependimento doloroso que não paga o prazer supostamente adquirido.
Então decidi aceitar que sou um
romântico incorrigível, incapaz de aventuras homéricas que não se transformam
em amor. Puro. Duradouro. Gerando sofrimento real e constante. Testando a
resistência falha de menos humanos iludidos, manipulados de uma forma ou de
outra.
Questionar é estupidez. Analisar é
arrogância. Submeter-se é inevitável. É a vida, com todos os percalços.
Marcelo Gomes Melo
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