A fonte de todos os problemas do
mundo
Eu
tremi. Confesso que tremi como um adolescente em pé de frente para a turma,
sabatinado a respeito de uma matéria sobre a qual não havia estudado.
Eu suspirei, quase gemi naquela rua a
caminho da praia, sob o sol escaldante e a brisa suave e morna como um beijo no
rosto recebido da mulher destinada a ser sua apesar de todas as dificuldades,
quando o seu coração aposta tudo na libido exacerbada que ela provoca.
Não há como administrar escolhas no
menu do prazer, ficou explícito assim que pousei o olhar sobre ela, bronzeada e
apetitosa, ao alcance das mãos, postada entre mim e o muro.
Ela forçou o cruzar dos olhares; o
dela contendo uma enorme interrogação provocativa: “E aí, vai fazer o quê?”,
que toda mulher que sabe que é desejada faz, mesmo que depois tente recuar e
esconder.
Com os lábios secos, minha única
alternativa foi passear a língua lentamente, como um gato prestes a saborear
uma suculenta porção de atum. Enfrentei-lhe o olhar ao mesmo tempo em que me vi
obrigado a avançar mais um passo em direção a ela, liberando o espaço na
calçada para os transeuntes, automaticamente roçando na pele dourada e
saborosa.
Ela ergueu o olhar, entreabriu os
lábios convidativos, prometendo silenciosamente passar a ser a fonte de todos
os problemas do mundo...
Então despertei, me afastei
rapidamente da vitrine da agência de turismo e de suas fotos do paraíso.
Marcelo Gomes Melo
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