Intrigante
o fato de vivermos em sociedade quase que instintivamente, e que os eremitas
sejam etiquetados como seres estranhos, buscadores de uma conexão espiritual
elucidativa, ou alucinógena, o que os deixa à margem do que chamam realidade.
Causa estupefação os erros coletivos
cometidos com a pura consciência de que nem são computados, pois os erros
individuais são mais cobrados, ficam marcados para sempre como um possível
requisito para a falha de estrutura que impede o indivíduo de obter
reconhecimento alheio e influência social.
Homens e mulheres que lutam bravamente
em nome de ideais grandiosos, hipocritamente justificados como necessários a um
todo, quando a vida é frequentemente fragmentada. E os incapazes de alcançar o
que o sistema social espera são ampla maioria, não por culpa deles, mas por
culpa do próprio sistema.
A sobrevivência é difícil, dura e
impiedosa, portanto urge criar uma selvageria cruel que simplifique os
absurdos, que ratifique a diferença entre os bem-sucedidos e os derrotados e
mantenha o moinho da vida incólume, seguindo uma rota infinita repleta de seres
finitos, falhos, mas corajosos, tolos.
Durante esse espaço de tempo no qual
nos debatemos, furiosos, inconsequentes, assustados, alternando uns poucos
momentos de prazer e felicidade, envelhecemos, perdemos o viço, a força, a
resiliência...
E quando passamos a nos ater aos
detalhes, ínfimos mas importantíssimos, é que caminhamos para a verdadeira
definição, de acordo com os valores que acumulamos, morais, intelectuais e
espirituais. É o momento em que a morte passa a ser uma opção.
Muitos
a aceitarão sem dificuldade, outros a receberão como o fim de um fardo pesado
demais para aguentar, e alguns, a despeito do desespero continuarão a lutar,
resistir, compensar a dor com esperança. Esses são os promotores de luz, o
esteio da natureza, os batalhadores do universo.
Ainda assim, cumpre dizer sem nenhuma
emoção ou pesar: resistir é inútil.
Marcelo Gomes Melo
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