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Sob a rosa: os códigos do amor intranquilo



          Sob a rosa, ignorando os ferimentos, as minhas mãos acariciam a sua pele aveludada, lento como a eternidade, suave como o respirar durante o sono, alheio ao mundo como se deve estar. Quase em um transe religioso hipnótico alienígena, em conexão ultrassensível como o restante do seu corpo cheiroso como uma flor, macio como uma pétala, úmido como orvalho ao amanhecer.
          Ninguém morre hoje! Nem de amor nem de nada! Não há espaço para términos, aqui; existem começos e sustos, descobertas que enganam e enganos que elucidam. O que eu sinto é mais importante do que o que você sente, porque aparentemente o prazer segue sob o meu domínio. O mesmo vale para você. Egoísmo a dois, sob a rosa... Eu lhe dou de beber, você me dá de comer, e vamos resistindo assim, os cortes vão sarando, as cicatrizes aumentando, o aprendizado evoluindo sob a rosa.
          Um iminente desejo de amar aflora pelas paredes de nossas coxas, o sabor diferente alimenta os desejos de nossas mentes. Só podem escapar através dos nossos movimentos sincronizados. Apresentar almas em conluio nunca foi fácil...
          O poder que nos interliga é etéreo, vem e vai com desenvoltura e nos deixa satisfeitos e cansados ou amargurados, viciados na angústia de buscar constantemente o que não se sabe, sob a rosa.
          Os meus lábios selados pelos seus lábios ficam gelados, machucados, os pensamentos desorganizados. É assim, no fio da navalha, que os sonhos sobrevivem.
          Não há luz no fim do túnel, só há eu em você; não há som no fim de tarde, só pulsação sem fim. Sob a rosa, um mundo inteiro em duas pessoas, sem explicação para nada, além dos códigos do amor intranquilo.



Marcelo Gomes Melo

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