Canções antigas que refletem o presente
Canções
que há trinta anos pareciam banais, criadas por uma juventude relapsa em
relação aos problemas político-sociais do país à época, ainda mais se
comparados aos supostos ícones da resistência artística de duas gerações
anteriores, incensados até hoje como deuses da luta política brasileira, embora
seja desaconselhável que um idealista lucre com os seus ideais, parecem mais
atuais do que nunca quando as ouvimos.
Os criadores de uma música criticada
por ser mera cópia estrangeira, sem consistência e até mesmo ingênua,
produziram letras que refletiram, e ainda hoje refletem os momentos vividos por
um povo sofrido e enganado com enorme frequência, embora hoje em dia a
violência e a ausência de tolerância gerem atitudes escatológicas absurdas e
nojentas como forma de expressão, talvez pela falta de conteúdo intelectual ou
capacidade educacional.
Ultraje a Rigor – “Inútil”
“A gente não sabemos escolher
presidente/Tem gringo pensando/Que nós é indigente/Inútil!/A gente somos
inútil!”
Plebe Rude – “Até quando esperar”
“Até quando esperar/A plebe
ajoelhar/Esperando a ajuda de Deus/Posso, vigiar teu carro/Te pedir
trocados/Engraxar seus sapatos”
Biquini Cavadão – “Zé Ninguém”
“Eu sou do povo/Eu sou um Zé
Ninguém/Aqui embaixo as leis são diferentes”
Capital Inicial – “Psicopata”
“Papai morreu, mamãe também/Estou
sozinho/Eu não tenho ninguém/Sempre assisto a Rede Globo com uma arma na mão/Se
aparece o Gianecchini/Adeus televisão”
Legião Urbana – “Geração Coca Cola”
“Quando nascemos fomos
programados/A receber o que vocês/Nos empurraram com os enlatados/Dos USA, das
nove às seis/Desde pequenos nós comemos lixo/Comercial, industrial/Mas agora
chegou nossa vez/Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês”
Agora resta-nos descobrir, daqui a trinta anos
mais, se o país ainda será “baile de favela”.
Marcelo Gomes Melo
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