Ação e reação humana diante da vida
Viver
é estar permanentemente sob a mira de uma pistola calibre 45, com o Clint Eastwood
atrás da arma, aquele olhar de escárnio e o ódio contra você saltando da tela
do cinema.
Caso não divida o tempo em horas,
minutos e segundos tudo o que terá é um bloco indivisível de dores, amores, aço
e flores; decisões bem tomadas, decisões mal tomadas, falhas, enganos e erros
por omissões as quais você jamais imaginou ser capaz.
Os tiros geralmente lhe atingem com
silenciador e você não é capaz de ouvir, apenas sente o impacto e verifica o
estrago imenso que precisará de ajuda para consertar; pedirá que outros o façam,
e nem sempre funcionará.
Os dias felizes, esses se descolam do
bloco, como ilhas em torno dele, e se transformam em um quadro na parede,
exemplo de férias de verão à beira da praia, incentivo para continuar acoplado
aos dias cinzentos, que são maioria.
Os dias cinzentos, entretanto, não são
assim tão ruins; não passam de dias comuns, normais, e não prenúncio de
tragédias. Essas, as tragédias, costumam desabar se aviso, e causam enormes
atropelos, choque, tristeza durante os primeiros momentos, para depois ser
rechaçada com força por quem, do nada, cria um exército graças à solidariedade,
que se julga acabada até que ressurge em momentos de necessidade, mudando
situações num abrir e fechar de olhos.
Viver é estar atento às coisas menos
importantes para entregar o que é imenso, acima de todas as proporções ao
acaso, ou a Deus, como queiram. Não é linear, ninguém vive em linha reta.
Assemelha-se mais a um eco ecocardiograma, cheio de altos e baixos; a linearidade
significa o fim. E ninguém morre por nada. Morre-se sem nada, mas sempre por
algum motivo; lembrando que ausência de motivo já é um motivo.
O
dia a dia é duro, pesado, cruel e não se importa com rótulos, então não cabe a
ninguém rotular as coisas como forma de discriminação gratuita que não irá aumentar
a autoestima de quem ataca tanto quanto a de quem é atacado. Resta o poder de
análise, que é inconsistente, abstrato, incoerente dependendo de quem o
utiliza, para trazer alguma luz à humanidade como um todo.
Viver com voracidade para encontrar
alguma tranquilidade antes da linearidade é o cerne de cada ser. O resto é vã
filosofia.
Marcelo Gomes Melo
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