A expectativa magoa.
Faz embrulhar aos estômagos menos sensíveis. Acelera a pulsação, dilata as
pupilas e provoca as reações mais estranhas.
Há quem mantenha o sorriso colado no rosto, como no caso do
personagem Coringa do filme Batman, há quem aperte as mãos e estale os dedos
incontrolavelmente. Os que necessitam de álcool para anestesiar o cérebro, ou
de bastões que emitem fumaça para poluir o próprio pulmão e os pulmões do mundo
são os que enganam a si mesmos, tentando transformar fraqueza em marra.
Esquecem que a fala fica engrolada e o corpo ligeiramente inclinado, e viram
motivo de riso, de pena ou desprezo. Ou tudo isso junto.
A expectativa controla o tempo. O faz parar ou acelerar
conforme a situação na qual se insere. Sensações boas por vir despertam a
imaginação. A quantidade e a qualidade, o início e o fim, o período de
duração... A reação, que às vezes é espontânea, aliás, sempre é espontânea, só
Deus sabe!
Quem domina as próprias
expectativas e reações são seres diferentes. Uns frios, outros apenas calmos;
além desses apenas os psicopatas ou sociopatas. Entre todos, um ponto em comum:
todos explodem. Ou implodem. É disso que é feita a vida, de expectativas e
reações. As ações dependem sempre do incentivo, da índole, dos parâmetros, da
educação pelo exemplo; eis a razão para a importância vital da família, do
círculo de amigos, dos professores e das religiões, incutindo limites, ética,
bom comportamento, contribuindo muitas vezes até para a mudança da índole,
teoricamente para melhor.
Os suspiros de amor, os olhares de promessa, os movimentos
felinos de cortar a respiração... Ou os olhares gélidos de cortar o coração, o
caminhar trôpego pelos corredores da culpa, a repreensão palpável como uma
esponja...
Há uma masmorra da percepção humana, aprisionando as
esperanças e os terrores. Só o coração tem a chave. Quer queiramos ou não, cabe
a cada um de nós liberarmos umas ou outros. Tudo deveria acabar em paz.
Marcelo Gomes Melo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu feedback é uma honra!