São
Paulo é assim...
São Paulo é assim:
solidão até aonde a vista alcança! Uma sinfonia de passos apressados e
concentração estoica, ninada por ipods e iphones, sem tempo de pensar na vida.
A vida é que tem que pensar na gente. E não pensa.
Obstáculos a serem vencidos, das distâncias entre os pontos
às dificuldades para acessá-las. Concreto cinza cercando almas coloridas
circulando entre uma sinfonia de sons, que vão de orações a xingamentos, de
sorrisos a sustos, de carinho a terror. E o céu por cima de tudo.
Cada um parece uma ilha, fechados em seus mundos díspares,
mas basta uma simples necessidade de um e logo se descobre a vocação intrínseca
de ajudar, mesmo em tempos de desconfiança geral, fruto da impunidade e da
propensão de muitos a fazer o errado.
A garoa tão cantada anda escassa, mas a insônia eterna de
cidade que nunca dorme faz jus à fama; por todos os cantos há luzes acesas e
produtos à venda, bares e música num festival de sotaques. Metrópole
cosmopolita se entendendo por gestos. A população é poesia em movimento.
Todos reclamam e criticam, se desentendem e a ameaçam, mas
ninguém a deixa. Ela acolhe e vicia. Para o bem e para o mal. Quem não a
conhece acha feia, mas quando se perde por suas curvas percebe que não há
retorno. Encanto puro por linhas tortas.
Forte e bela a seu jeito. Resistente, gigante, rica e
imperfeita. Imperfeita para o mundo, mas perfeita para nós.
Marcelo
Gomes Melo
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