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Virgem e brava!


Ela era uma garota virgem e brava. Eles se conheceram na faculdade, e ela tinha uma personalidade fortíssima, dizia o que pensava argumentando com inteligência, cheia de amigos, curtia as festas e se divertia bastante, sem fumar, beber ou fazer qualquer coisa que não quisesse, apenas porque a grande maioria o fazia.

Ela não escondeu que a atração por ele era recíproca desde o início; sorrisos, brincadeiras, olhares, insinuações... Passaram a estudar juntos, sair juntos, inclusive sem a turma, curtindo em um cinema ou em um show, dançavam, se divertiam e se respeitavam.

Quando o clima pintou, mãos dadas, primeiro beijo, carícias, foi muito excitante e novo para ambos; mas para ela do que para ele que já namorara antes, de forma liberal como atualmente costuma ser. Ele a pediu para namorar oficialmente entre beijos no sofá, sozinhos vendo um filme, e ela fez questão de dizer, com seriedade, que também o queria como namorado, entretanto era imprescindível deixar claro que ela adotara uma filosofia de família na qual, tantos irmãos quanto irmãs aguardariam o casamento para experimentar o sexo completamente. Isso significava que, para aceitar o compromisso em nível inicial, ela teria que saber que não haveria negociações quanto a isso, e se ele tentasse avançar os limites poderia haver desentendimentos, mágoas e, consequentemente um rompimento, prejudicando até as chances de continuarem amigos.

Ele topou o desafio, concordou com as regras e assim se tornaram namorados. Viajavam juntos, faziam quase tudo o que um casal jovem faz. Não transavam. O rapaz era gentil, amoroso, atencioso, paciente, apaixonado... Cuidava dela, aceitava os seus períodos de mal humor. Mal brigavam, mas quando o faziam logo se reconciliavam. Dificilmente ficavam longe um do outro, e como eram saudáveis, trocavam carícias, beijos fogosos, as mãos se percorriam, iam até certo ponto e paravam, automaticamente, por mais difícil que fosse a situação.

A braveza da moça foi sumindo no convívio com ele. Era mais compreensiva, doce e carinhosa. Fazia tudo por ele, e era mais feliz das garotas, tanto que não mais ficou conhecida por ser brava em excesso ao defender as suas posições. Zero agressividade.

Hoje estão juntos há oito anos, terminaram a universidade, iniciaram a pós-graduação e ficaram noivos. O amor parece só aumentar. Ela definitivamente, graças a ele, não é mais tão brava. Apenas virgem.

 

 

Marcelo Gomes Melo

 

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