O corpo dói inteiro, os músculos sofrem com espasmos constantes, o suor escorre pela testa queimando os olhos, cabelos ensopados como se uma tempestade o tivesse surpreendido.
A tristeza angustiante arranca lágrimas mudas, inacabáveis, encostado a uma parede úmida, no escuro, os joelhos dobrados, as mãos enrijecidas em torno, encontrando-se com uma força quase sobrenatural.
Uma fresta penetrada por uma nesga de luz não chega a abrandar o espaço, um quarto escuro desarrumado, representante de um mundo inteiro pertencente a uma pessoa solitária, magoada por ataques sorrateiros, impossíveis de descobrir; o quarto escuro é o seu castelo. Manejar as dores é importante porque é o que lhe dá esperança, como uma pequena flor que consegue desabrochar em terreno impróprio, provando que nada se limita a um ângulo, e tudo pode acontecer de um momento a outro, libertando a mente, expandindo os horizontes, fazendo sarar os machucados inevitáveis, físicos, morais.
Transformando em alento tudo o que parecia sombrio, a capacidade de virar-se em direção às escadas acima, em contrário ao rumo anterior sem escalas ao porão úmido da alma, frio e cruel, que imobiliza, retira as boas alternativas, e o cérebro se adapta ou resiste, de acordo com o poder de um corpo acabado, unindo coração e alma para retomar o caminho para a luz, independentemente do sofrimento e do carma, aleatório como um bumerangue, surpreendente, mas passível de ser dominado, portanto, surpreendido.
A febre ameaça sumir, escapar pelos poros limpando uma alma envergada, arejando poros envenenados, controlando a tristeza e liberando a passarela da vida para algum amor, felicidade suave, embota tímida, e um ritmo mais firme, pegando velocidade, disparando no caminho do equilíbrio para renascer como ser humano igual aos outros, com vitórias e derrotas, e boa vontade e firmeza para manter-se à tona, até o esperado e inevitável final.
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