Você não briga contra a idade, é ela quem lhe corrói, aos poucos, fazendo estragos imperceptíveis, sutis para que não os reconheça até que seja tarde demais.
O tempo é paciente, monótono, traiçoeiro à sua maneira, comandando o destino com uma suavidade brutal, fazendo com que as suas vítimas permaneçam em negação, não reconheçam a decadência inevitável e procurem maneiras científicas para driblar o que é impossível.
Nesse processo transformam-se em caricaturas, e depois em monstros, os quais o espelho não mostra, porque as pessoas veem a si mesmas de uma forma diferente das quais são vistas pelos outros. Aberrações deixam de ser aquele humano original e tornam-se híbridos, não fazem ideia de que agindo assim fogem completamente à imagem de Deus, o que o eram desde o nascimento.
O cientificismo cético, lógico e trágico busca o seu lugar no Olimpo, semideuses capazes de manipular a genética em nome de uma nova Era, sem as crenças selvagens em seres inexistentes, ao mesmo tempo em que procuram extraterrestres necessariamente melhores e mais inteligentes. Superiores em tudo, bondosos ou cruéis, dispostos a domar um planeta e escraviza-los, cientistas imbatíveis, mas submissos a uma suposta inteligência superior.
Enquanto desprezam as crenças ancestrais, rastejam como vermes em busca de superiores no universo. E enriquecem criando poções para a juventude eterna e viagens para fora do planeta; basta poder pagar e acreditar na juventude eterna para os bem nascidos, ricos por natureza, herança ou corrupção’
O espetáculo fica evidente em uma casta intermediária, a dos artistas capazes de tudo para manterem a utilidade que têm, beleza e disposição para fazer qualquer coisa em nome da sobrevivência. E como a concorrência é gigantesca, a cada momento um sacrifício maior deve ser feito com o intuito de continuarem à tona em mar bravio, rodeados de piranhas vorazes que transformam em sangue rapidamente tudo à sua volta.
No fim de tudo, retiro para os que nada guardaram da época de vacas gordas; tentativa de usar os dons interpretativos para faturar na área política, que não requer estética, apenas amoralidade e imoralidade, o que conhecem bem, fruto da carreira anterior.
O tempo massacra aos poucos, a idade impõe limites e humilha sem piedade os que aceitam homenagens hipócritas transformando em santos quem era a imagem do capeta, como se velhice fosse sinônimo de bom caráter.
O fim é igual para todos, mas os que mantiveram a dignidade vão sem medo, sem reclamações; não imploram para vender os retalhos em que se transformaram por mais um pouco de brilho.
O tempo é astuto e incorruptível, segue lento enquanto os expulsos de sua locomotiva se percam na escuridão implacável e eterna.
Marcelo Gomes Melo
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