O
seu segredo tem o meu nome, fica óbvio quando ainda ruboriza e engole em seco,
desvia o olhar e em seguida me olha firmemente, como se fosse, em um ímpeto, me
dizer todas as coisas armazenadas no peito, atirando-se felina sobre o meu corpo,
só ousadia e amor.
Inquieto
não tiro os olhos de você, lhe tenho frente e verso no pensamento, conheço cada
detalhe de você, platonicamente. Apesar de deixar claro para você, apenas para
você através de cada movimento que faço, cada respiração e inspiração, mantenho
camadas de silêncio entre os dois corpos, um acordo tácito entre duas mentes
que se tocam e se beijam, e se amassam...
É
um enlouquecer constante esse nosso relacionamento instável, tão comedido,
cheio de boas maneiras eternamente, ultrapassa todos os limites, nos faz planar
muito alto, habitar um lugar apenas nosso, um planeta em que dominamos e somos
suficiente, dias e noites, sob as estrelas e sobre as estrelas, apaixonados em
segredo de vida e de morte.
O
segredo o qual apenas você tem a chave, no entanto, não lhe cabe sozinha
desvendar. Unir, misturar e deixar transparecer não depende de um de nós, em um
impulso que nos tortura o tempo todo, magoando como agulhadas e se pode
esconder, a não ser no espelho do olhar.
Saber
do inevitável que é amar a você é como a necessidade infinita de respirar. A
contenção que nos é imposta socialmente torna-se pior sob a égide da solidão.
Uma fêmea como você, definida para mim desde o nascer do sol, tatuada em minha
coxa, marcando para sempre o território inóspito que eu sou sem você.
O
máximo que chegamos foi um roçar gostoso, os meus lábios em seu rosto, o meu
braço em torno da sua cintura, um leve tremor em seus lábios, o calor e a
maciez do seu corpo que eu gostaria de espremer, apertar contra mim,
esfregar... Ah! Possuir! Sem meias palavras, sem meio desejo, sem trâmites que
impeçam de lhe agarrar até o fôlego acabar e o nosso perfume se fundir em um
novo cheiro sensual, que nos pertence e a mais ninguém.
O
seu maior segredo sou eu, e o meu maior segredo é você. Entre nós nunca foi tão
claro!
Marcelo
Gomes Melo
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