Às portas do templo das perdições
Estou
às portas do seu castelo de horrores, sob o luar gelado e o vento que uiva
pretensioso entre as árvores que circundam o seu reino.
Posso sentir o odor do seu perfume
estonteante misturado ao do medo que as crianças das trevas invocam nos filmes
de terror.
Carregando gasolina suficiente para
incendiar a mim mesmo, ouso desligar o som das batidas do meu coração e
inspirar profundamente inalando a ansiedade que queima os pulmões e arrasa os
motivos, explode as convicções.
O que resta nessa atmosfera tóxica é
caminhar claudicante em direção aos seus braços misteriosos, às promessas que
os seus olhos escuros jamais fizeram e o sorriso insincero que deturpa a
definição de amor imortal.
Agora quase corro, atabalhoado, sem
memórias, com pleno terror incalculável que obriga a terminar com as torturas
inimagináveis que estão por vir.
Eu, silenciosamente peço por mais de
você! Dama destruidora de unhas pintadas com a cor do domínio, com a flor da
noite sobre o seio desnudo... Não sou nada nesse momento, não há nada além do
mergulho furioso que darei em você! Tornando-me parte do seu espólio, uma gota
a mais nesse mar de perjúrio que é você, mulher imutável do meu clamor
pessoal. Não há justiça para as vítimas apaixonadas incessantemente, como a
chuva que mata aos poucos esfriando o sangue, atordoando o cérebro, impedindo a
respiração...
Você,
coração incauto, suicide-se em nome de uma eternidade alternativa nos braços da
proprietária do templo das perdições.
Marcelo Gomes Melo
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