A
tempestade que varreu os meus sonhos é a mesma que lavou a poeira que encobria
as cicatrizes que decoram o meu corpo como marcos das batalhas das quais
participei através da minha existência, sacrificando individualidades e
perdendo conquistas pessoais valiosas em nome de ideais coletivos e históricos,
participações pequenas que o tempo se encarregará de esquecer impiedosamente.
Os meus caminhos se abriram, em troca,
e a leveza que sinto de corpo e alma é inigualável; um senso de liberdade
agudo, real, uma visão alargada e límpida que, ao meu ver aumentou o valor
individual, a dignidade para lidar com erros e acertos que há em mim.
Esse estado mental adquirido sem
acessórios que alterem qualquer percepção parece ser único, impossível de
definir com palavras e gestos.
A grandiloquência desse nível de
consciência também permite a percepção se situações problemáticas imutáveis,
confirmando uma dívida que permanece desde tempos imemoriais: não é possível
conviver apenas com amores e flores, alegria e diversão, felicidade suprema sem
a visão da tristeza e da dor. O outro lado da moeda equilibra a existência e é
inquebrável, na mesma proporção do conhecimento literal que contempla o ser
humano.
Marcelo Gomes Melo
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