Primeiro dia do ano, sequência tosca de nossas vidas
As
comemorações de passagem de ano se tornam cada vez mais apagadas, inúteis, sem
sentido. Quando corruptos ensaiam e repetem os mesmos cumprimentos decorados e
falsos, e os mal classificados socialmente sorriem de maneira patética e
destilam esperança vazia, causam uma sensação de impotência e desmotivação por
parte dos mais experientes em festas de final de ano que sabem que nada do que
é dito se realizará para a grande maioria dos coitados que investem tudo em
alguma loteria, sonhando ficar milionário e acabar com todo o sofrimento que os
assombra desde o nascimento. O dinheiro é colocado no topo como o bálsamo que
os enviará para um nível acima dos outros, eliminando problemas completamente.
As toscas comemorações toscas nas
praças e grandes espaços urbanos enganam aos milhares de solitários que se
reúnem para idolatrar seres ocos disfarçados de artistas, defendendo apenas um
gordo cachê em troca de uma arte de quinta categoria (se é que é arte),
iludindo idiotas incapazes de raciocinar, garantindo felicidade instantânea e
riqueza a vácuo, para no dia seguinte varrer para debaixo do tapete cinicamente
as promessas secas e permitir que os que comemoraram e acreditaram em
sentimentos ocos retornem à triste e dolorosa rotina de sempre.
Cada vez mais pessoas perdem a emoção
e enxergam a inutilidade de uma comemoração falsa e ridícula.
Os mais velhos vão lentamente se
afastando do ritual, e desmotivados relegam ao segundo plano tudo o que acreditaram
por anos a fio, percebendo o quão é perniciosa tal festividade vazia.
O
primeiro dia do ano novo é cinzento, tristonho, vazio... Quando acabar talvez
as pessoas encontrem o verdadeiro cerne do envelhecimento com dignidade.
Marcelo Gomes Melo
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